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Dependência de dados mantém porta aberta para corte da Selic em agosto,…

    Dependencia de dados mantem porta aberta para corte da Selic

    tag:reutersPor Paula Arend Laier

    SÃO PAULO (Reuters) – O Banco Central pode ter decepcionado os agentes financeiros que esperavam um sinal claro de que o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciaria o ciclo de flexibilização da taxa básica em agosto, mas não necessariamente eliminou essa possibilidade, uma vez que vinculava o próximas decisões aos dados, apontam os economistas.

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    Ao manter a Selic em 13,75% aa na véspera, o Copom afirmou que a situação exige “paciência e serenidade” na condução da política monetária e mencionou que os passos futuros dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, das expectativas de inflação e do hiato do produto, entre outros fatores.

    “A conjuntura atual, caracterizada por uma fase do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, continua exigindo cautela e parcimônia”, afirmou a autoridade monetária.

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    O Copom acrescentou ainda que “conduzirá a política monetária necessária ao cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação”.

    Para o economista-chefe da XP, Caio Megale, o Copom mencionar alguma melhora nas perspectivas de inflação “abre as portas para um possível corte na próxima reunião”. Paralelamente, acrescentou, a visão de que o cenário continua exigindo cautela e parcimônia faz com que o primeiro corte não seja agressivo.

    Ele destacou que o último parágrafo do comunicado é fundamental, com o BC sinalizando que cautela e parcimônia continuam cruciais, mas afirmando que a estratégia de manter a Selic nos níveis atuais por um longo período “tem sido adequada”. O comunicado anterior afirmava que o Banco Central continuaria “avaliando se a manutenção da taxa básica de juros por um período prolongado será capaz de garantir a convergência da inflação”.

    “É um sinal de que manter a taxa Selic estável à frente não é necessariamente o plano do comitê”, avalia Megale, citando que o BC retirou menção a um cenário alternativo em que não hesitaria em retomar o ciclo de aperto caso o processo desinflacionário não não ocorrer como esperado.

    “Acreditamos que a estratégia do Copom é manter as taxas estáveis ​​por mais algum tempo ou iniciar um afrouxamento gradual da política monetária em breve”, disse o economista do XP, reiterando a previsão de corte de 0,25 ponto percentual em agosto.

    Para o chefe de economia para o Brasil e estratégia para a América Latina do Bank of America, David Beker, a declaração é mais um passo na comunicação da autoridade monetária em direção a uma postura mais “dovish”, embora não seja uma promessa de corte de juros. na próxima reunião.

    Entre os pontos que considerou “dovish”, ou potencialmente mais inclinados a uma redução dos juros, ele também destacou a exclusão no comunicado do Banco Central da promessa de não hesitar em retomar o ciclo de aperto e também a retirada do cenário alternativo em que a Selic se mantenha em 13,75% no horizonte relevante.

    Na avaliação de Beker – que manteve a previsão de um primeiro corte da Selic em agosto, com redução de 0,50 ponto -, além da dependência dos dados, o Copom também aguarda a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre o meta de inflação na próxima semana e novas melhorias nas expectativas de inflação antes do corte nas taxas.

    “Faltam ainda sete semanas para essa decisão, e o CMN deve manter a meta de inflação em 3%, as impressões mensais da inflação devem continuar surpreendendo para baixo, e novas revisões nas expectativas de inflação de longo prazo devem acontecer até lá”, disse. disse. .

    O CMN, formado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se reunirá no dia 29 para definir a meta de inflação para 2026. metas para 2024 e 2025 são fixados em 3%.

    Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha feito apelos por metas mais altas que permitiriam uma política monetária menos restritiva, essa discussão perdeu fôlego nos últimos meses, com Haddad destacando o apoio à mudança do horizonte de cumprimento para uma “meta contínua” em vez de ganhos no ano-calendário, modelo atual.

    Economistas do Bradesco reiteraram a previsão para o início do afrouxamento monetário em setembro, lembrando que, embora os dados de inflação tenham evoluído de forma mais favorável desde a última reunião, o Copom trouxe poucos elementos que indiquem o início iminente do ciclo de redução dos juros.

    No entanto, disseram não descartar “um corte de juros em agosto, caso a evolução das variáveis ​​apontadas pelo Copom continue favorável”.

    Assim como seus colegas do Bradesco, a equipe do Itaú BBA também avaliou que o comitê não indicava um afastamento iminente da estratégia de manter os juros no patamar atual – ou seja, um corte em agosto).

    “Ainda esperamos que o Copom inicie o ciclo de flexibilização na reunião de setembro”, afirmaram, reforçando a sinalização do Banco Central de que os próximos passos dependerão da evolução da dinâmica inflacionária. “Saberemos mais sobre a visão dos dirigentes na próxima semana, com a divulgação da ata da reunião na terça-feira, 27 de junho.”

    Para o estrategista-chefe da Warren Rena, Sérgio Goldenstein, o comunicado do Copom abriu as portas para o início do ciclo de flexibilização monetária, mas sem comprometer a próxima reunião.

    “Entendemos que o comunicado buscou conter o excesso de otimismo do mercado em relação à trajetória de queda da Selic, mas continuamos com nosso apelo de que o comitê iniciará o processo de flexibilização monetária com um corte de 25 pontos base em agosto”, afirmou.

    Ele acrescentou que a projeção de inflação no cenário básico continuará em queda, devido a uma provável nova revisão para baixo do IPCA de 2023 e à perspectiva de continuidade da queda nas expectativas de inflação. E destacou que “a decisão do CMN sobre a meta de inflação será fundamental para a redução das incertezas e do desvio de expectativas em relação à meta”.

    Fonte: Noticias Agricolas