Pular para o conteúdo

Culturas de milho, soja e açúcar podem beneficiar o setor de logística em 2023,…

Segundo dados divulgados recentemente pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em 2023, o PIB do agronegócio no país deve crescer até 2,5% em relação a 2022, quando a quebra da safra de soja e a alta de custos espremido os resultados do setor. O agronegócio brasileiro foi amplamente marcado em 2022 pelos impactos climáticos do fenômeno La Niña. Em termos gerais, o Brasil teve redução das chuvas na região Sul e cenário contrário nas regiões Centro-Oeste e Norte, o que alterou para cima e para baixo as safras que vinham sendo estimadas para mercadorias como soja, milho e açúcar durante todo o ano. E, claro, isso gerou uma reação em cadeia em setores com forte presença em exportação e logística.

Levantamentos da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), mostram que a safra de Soja no sul do país, está entre os que mais caem, principalmente nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul. Mas, por outro lado, estados como Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais se beneficiaram com o regime de chuvas e tiveram aumento de mais de 10% na produção de soja em 2022, em relação à safra do mesmo período do ano anterior.

Patrocinadores

Apesar desse aumento em alguns estados, a produção brasileira de oleaginosas em 2022 ficou 10% abaixo da safra do ano anterior. Essa quebra fez com que as exportações também registrassem um patamar menor, com 76 milhões de toneladas de soja exportadas até o final de novembro, contra 84 milhões no mesmo período do ano passado. Esse impacto na produção e nas exportações fez com que os fretes da primeira metade da região Sul, apesar do aumento do preço do diesel, sofressem uma queda em relação a 2021.

Para 2023, as estimativas da safra de soja são otimistas com previsão de produção total em torno de 153 milhões de toneladas, com o plantio em quase todo o Brasil já em fase final. Apesar das preocupações climáticas com a continuidade do La Niña, ele deve continuar assim até o início do ano que vem, quando entraremos na neutralidade climática. Esse resultado será excelente, pois, no mercado internacional, a expectativa é que a China aumente seu volume de importação de soja no próximo ano para mais de 116 milhões de toneladas – o que deve impulsionar as exportações brasileiras, pois a produção de soja no hemisfério norte tem reduzidos pelos impactos climáticos.

Patrocinadores

Outra commodity que sentiu os efeitos do La Niña em 2022 foi o milho🇧🇷 Na região Sul do Brasil, a produção da primeira safra do cereal foi cerca de 15% menor que no ano anterior. Por outro lado, a segunda safra atingiu a produção recorde de 85,6 milhões de toneladas, o que impulsionou as exportações do cereal no segundo semestre. Assim, até novembro deste ano, as exportações brasileiras de milho aumentaram 119%, graças a uma safra nacional 44% maior em relação ao mesmo período de 2021. Isso representa cerca de 37,6 milhões de toneladas de milho exportadas. Resultado muito próximo ao volume exportado no mesmo período de 2019, quando a queda da safra americana impulsionou os volumes brasileiros. E, como reflexo do alto volume movimentado e do aumento do preço do diesel registrado, o frete, assim como diversos outros itens, ficou mais inflado em 2022, chegando em alguns momentos a mais de 120% acima da média histórica.

Para 2023, a CONAB estima um crescimento de 12% na produção de milho, impulsionada pela recuperação da primeira safra e pelas boas previsões de produtividade para a entressafra. O ritmo de plantio do milho primeira safra está um pouco abaixo do registrado em 2021 e, embora ainda haja algumas preocupações com o clima e as chuvas, a umidade do solo e as chuvas recentes na região sul devem ajudar no desenvolvimento da safra. Para a segunda safra, o fim do regime La Niña e a entrada em um regime de neutralidade devem favorecer o desenvolvimento da safra no próximo ano.

Por fim, outro produto agrícola que vale a pena analisar como se comportou neste ano é o açúcar. O excesso de chuvas este ano nas regiões produtoras fez com que a produção de açúcar tivesse um início de safra mais lento. A partir de junho, a produção voltou ao ritmo histórico, mas voltou a sofrer com algumas chuvas, principalmente no mês de setembro. Por outro lado, a maior rentabilidade do etanol no início da safra e menor ATR (açúcar total recuperável) em relação ao ano passado, fizeram com que o mix de produção fosse mais direcionado para o etanol.

Portanto, embora no primeiro semestre o índice de exportação de açúcar tenha caído 24%, em relação ao mesmo período de 2021, no segundo semestre aumentou 28%, com destaque para o mês de outubro (62% superior a outubro de 2021). Considerando que o porto de Santos é o principal ponto de escoamento do açúcar, o Brasil vivenciou um cenário de frete, com ticket médio até 44% acima da média histórica, no segundo semestre de 2022.

Quem trabalha com agro no Brasil sabe que inúmeros fatores influenciam na produção, como clima, plantio na janela correta, tecnologia da semente e tecnologia utilizada na terra, entre outros. Além disso, os resultados dependem de fatores políticos e econômicos, extremamente necessários para que tenhamos avanços que possam alavancar e desburocratizar esse setor que alimenta milhões de brasileiros e é uma engrenagem importante para a economia do nosso país. As projeções para 2023 são boas, mas na mesma medida os desafios no cenário interno e externo são reais e constantes, o que pode trazer aumento de produção, mas eventual queda de preços. É difícil prever o que vai acontecer, mas nós, que trabalhamos perto do agro, ou melhor, que transportamos o agro, estamos otimistas e trabalhando muito para trazer benefícios a todos os envolvidos.



Fonte: Noticias Agricolas

Autor