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1º trimestre de 2023 terá chuvas abaixo da média no Centro-Sul com impacto…

Apesar das fortes chuvas na virada do ano, sul do país e regiões de Minas Gerais podem ter quadro preocupante nos próximos meses

Apesar do registro de chuvas no início de 2023 em diversas localidades do país, no balanço trimestral de janeiro, fevereiro e março, a tendência climatológica aponta para chuvas abaixo da média em diversas regiões do Centro-Sul do Brasil, com destaque para áreas do Sul – que já estão mais secas – e pontos de Minas Gerais (veja a previsão por região ao final da matéria).

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“Esse cenário pode impactar negativamente culturas agrícolas em estádios fenológicos mais sensíveis, como soja, milho primeira safra e feijão”, afirma o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em nota conjunta . divulgado nesta terça-feira (10).

Além disso, há tendência de chuvas bem abaixo da média nos próximos meses para áreas de Minas Gerais, o que também preocupa a safra de café.

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Em relação às temperaturas, o mapa de consenso dos institutos também mostra a possibilidade de valores acima da média ao longo de janeiro, fevereiro e março em partes do Centro-Sul do país, além de uma condição que tende a ficar abaixo da temperatura média no extremo norte do país.

Veja o mapa de anomalias de precipitação e temperatura para janeiro, fevereiro e março:

Mapa de anomalias de precipitação e temperatura para janeiro, fevereiro e março - Fonte: INPE/Inmet
Fonte: INPE/Inmet

Andrea Ramos, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explicou Notícias Agrícolas que as condições indicadas pela climatologia para o trimestre estão em linha com a condição de La Niña, com previsão de menos chuvas no Sul do Brasil, mas precipitação acima da média no Norte do país e desconhecida na parte central (áreas brancas) .

Ramos destaca ainda que, apesar dos indícios climatológicos, as chuvas vêm ocorrendo em diversas partes do país, inclusive em áreas do estado de Minas Gerais no início do ano, mesmo com algumas cidades apresentando umidade todos os dias – característica do verão –, ainda que apresentem a tendência acumulada trimestral crítica. “Precisamos esperar pelos próximos meses”, diz ele.

O especialista destaca que é importante o acompanhamento diário das condições climáticas. “A climatologia usa modelos estatísticos, enquanto a previsão do tempo é mais dinâmica”, explica.

Veja o mapa de precipitação acumulada dos últimos 10 dias em todo o Brasil:

Mapa de precipitação acumulada dos últimos 10 dias em todo o Brasil - Fonte: Inmet
Fonte: Inmet See More

Veja o mapa de previsão estendido para todo o Brasil:

Mapa de previsão ampliado para todo o Brasil - Fonte: Inmet
Fonte: NOAA

Veja a previsão agroclimática de janeiro, fevereiro e março para todas as regiões do Brasil:

zona sul

A previsão é de chuva um pouco acima da média climatológica no nordeste catarinense e centro-leste paranaense. No Rio Grande do Sul, estão previstos totais de chuva próximos e abaixo da média devido aos impactos que o fenômeno La Niña ainda pode causar.

A temperatura do ar deve prevalecer próxima e um pouco acima da média histórica, principalmente no Rio Grande do Sul.

A redução das chuvas em grande parte da região, causada principalmente pela persistência do fenômeno La Niña, principalmente no Rio Grande do Sul, provocou restrição hídrica nas fases iniciais das lavouras de primeira safra. No entanto, a previsão de chuvas dentro e abaixo da média pode reduzir ainda mais os níveis de água no solo, principalmente em áreas do Centro-Sul do Rio Grande do Sul, conforme previsto pelo modelo do INMET. Esse cenário pode impactar negativamente culturas agrícolas em estádios fenológicos mais sensíveis, como soja, milho primeira safra e feijão.

região sudeste

A previsão é de chuva próxima e um pouco acima da média do Estado de São Paulo. Em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, a previsão indica 9 totais de chuva abaixo da climatologia para o trimestre, principalmente em áreas do norte de Minas Gerais.

A temperatura do ar deve ficar um pouco acima da média histórica no triângulo mineiro e noroeste de Minas Gerais, além do centro-oeste de São Paulo. Nas demais áreas, as temperaturas devem se manter próximas da média.

Assim como na Região Centro-Oeste, os grandes volumes de chuvas registrados nos últimos meses têm contribuído para manter a umidade do solo, favorecendo o estabelecimento da safra 2022/23. Porém, com a previsão de chuvas dentro e abaixo da média climatológica para o norte de Minas Gerais e Espírito Santo, a previsão é de baixos níveis de água no solo, o que consequentemente pode causar danos às lavouras em estádios fenológicos mais sensíveis. .

região centro-oeste

A previsão multimodelo indica tendência de chuvas próximas e acima da média histórica em grande parte da região, devido ao escoamento de umidade da Região Norte que pode ocasionar dias consecutivos de chuva, principalmente no Estado de Mato Grosso. No sudoeste do Mato Grosso do Sul, na divisa do Mato Grosso com Goiás e com o Distrito Federal, a previsão é de chuvas um pouco abaixo da climatologia para o trimestre.

As previsões indicam que as temperaturas devem ficar próximas e um pouco acima da climatológica nos próximos meses, principalmente no Mato Grosso do Sul e sul de Goiás.

O retorno gradual das chuvas que vem sendo observado desde outubro de 2022 e tem contribuído para o aumento dos níveis de água no solo, favorecendo o estabelecimento e desenvolvimento de culturas de primeira safra no campo, como soja, milho, feijão e algodão. A previsão de chuvas acima da média em áreas do Mato Grosso pode manter a umidade do solo e beneficiar as lavouras da região. No entanto, a previsão de chuvas dentro ou abaixo da média em janeiro de 2023 pode impactar negativamente o armazenamento de água no solo e culturas em estádios fenológicos mais sensíveis, principalmente em áreas do Estado do Mato Grosso do Sul.

Região Nordeste

A previsão é de chuvas acima da média na maior parte da região. Assim como na Região Norte, essas chuvas também podem ser consequência dos impactos do La Niña, além do padrão de águas um pouco mais quentes próximo ao litoral. No Centro-Sul da Bahia, a previsão é de chuvas próximas e um pouco abaixo da média.

Já a temperatura do ar deve ficar próxima da média histórica em quase toda a região, exceto no centro-leste maranhense, onde as temperaturas devem ficar um pouco abaixo da climatologia nos próximos meses.

Os grandes acúmulos de chuva observados nos últimos meses, principalmente em áreas do MATOPIBA e sul da Bahia, foram importantes para a elevação dos níveis de água no solo e para o plantio e desenvolvimento de culturas de primeira safra. No entanto, a previsão de chuvas dentro ou abaixo da média em janeiro de 2023, pode impactar negativamente no armazenamento de água no solo, chegando a valores inferiores a 50% nas áreas leste da região, o que pode restringir as lavouras que estão em mais estádios fenológicos sensíveis. Nas áreas do norte da região, há previsão de aumento das chuvas e consequente aumento da umidade do solo a partir de fevereiro.

região norte

A previsão climática produzida com o método objetivo (multimodelo – cooperação entre INPE, INMET e FUNCEME) indica predominância de chuvas acima da média climatológica em praticamente toda a região, também devido à atuação do fenômeno La Niña e à umidade vinda do Oceano Atlântico, que é levado pelos ventos alísios na região equatorial. Chuvas próximas à média podem ocorrer durante o trimestre no oeste do Amazonas, oeste de Rondônia, sul do Tocantins e extremo norte do Amapá e Roraima.

A temperatura média do ar deve prevalecer em praticamente toda a região próxima à média, exceto no extremo norte do Tocantins e centro-norte do Pará com temperaturas um pouco abaixo da climatologia. A previsão para o balanço hídrico indica a manutenção de áreas com altos níveis de armazenamento em praticamente toda a região nos próximos três meses. Porém, em áreas do extremo norte da região, como Roraima, mesmo com previsão de chuvas médias, os níveis de água no solo podem permanecer baixos.



Fonte: Noticias Agricolas

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