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Variedades de salsa resistentes a pragas revigoram a produção…

Alternativas desenvolvidas pela Embrapa e divulgadas pela Emater-MG colaboram para manter Minas Gerais como maior produtor do tubérculo no país

Mandioquinha-salsinha, batata baroa, cenoura amarela. Conhecido por diferentes nomenclaturas em todo o país, esse tubérculo é apreciado por seu sabor marcante e características nutricionais, pois é uma importante fonte de energia e vitaminas. Minas Gerais é o maior produtor do Brasil, segundo os dados mais atuais divulgados pelo IBGE. Em 2017, o Estado produziu 28,6 mil toneladas, o que corresponde a mais de 55% da produção nacional.

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Munhoz, no sul de Minas, está localizada em uma importante região produtora, com clima favorável, com altitudes elevadas e temperaturas amenas. O município produz cerca de 270 toneladas por ano, em aproximadamente 15 hectares. É lá que está localizada a produção do agricultor Thiago Marquez, 58 anos. Começou na atividade na década de 1990, mas por muito tempo desistiu, devido ao ataque de pragas e doenças. Em 2012, voltou à lavoura, motivado pelo desenvolvimento de novas variedades pela Embrapa, mais produtivas e resistentes a pragas, que foram divulgadas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG).

“Eles começaram a fazer reuniões, para propagar mudas como a Rúbia, a Catarina, que eram boas, precoces”, conta. Mas as novas variedades não tiveram tanta aceitação no mercado, pois eram maiores, com mais marcas na película e na massa. Foi então que começaram os testes com uma nova variedade Senador Amaral, menor, com casca mais lisa, preferida pelos consumidores, principalmente para venda em bandejas.

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Thiago produz atualmente cerca de 1.800 caixas/ano em 2,4 hectares de terras arrendadas. A maior parte ainda é da variedade Rúbia, cerca de 90%. Senador Amaral ocupa apenas 2% do terreno, mas já projeta crescimento significativo para este último. “Acredito que este ano vá para 10%, porque o mercado pede, mas em produção, Rúbia é melhor ainda. Mas as pessoas comem com os olhos, só querem os bonitinhos”, comenta.

coma com os olhos

O que Thiago chama a atenção é o desdém do mercado por produtos de boa qualidade, mas que muitas vezes não atendem ao “padrão de beleza” exigido para legumes, frutas e verduras. Das variedades de baroa cultivadas em Munhoz, Rúbia, Catarina e Senador Amaral, a primeira é maior, arredondada, com melhor produtividade e mais resistente a pragas e doenças. A Catarina, embora produtiva e resistente, é muito comprida para os padrões do mercado, o que a torna negligenciada. Já Senador Amaral, que para o produtor é menos produtiva e mais frágil em relação a pragas, é a que tem as características mais aceitas pelos consumidores.

mandioca 4

Segundo o técnico da Emater de Munhoz, Juary José Moreira, outro aspecto que desestimula o consumidor são as marcas na casca da mandioca, que podem ser causadas, por exemplo, por nematóides. “Esse produto chega ao mercado e o consumidor o despreza, até que o supermercado tem que trocá-lo. Isso desencadeia uma reação em cadeia. Porque vai ser jogado fora e o produtor gastou dinheiro para produzir, tempo, água, óleo diesel para irrigação, recursos naturais. Já que as características nutricionais e de palatabilidade estavam intactas”, garante.

Juary destaca que esse é um problema grave da agricultura brasileira, o escoamento de alimentos que ainda estão aptos para o consumo. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em todo o mundo, entre um quarto e um terço dos alimentos produzidos anualmente para consumo humano são perdidos ou desperdiçados. Isso equivale a cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos. A FAO calcula que esse alimento seria suficiente para alimentar dois bilhões de pessoas.

As perdas referem-se à diminuição da massa de alimentos disponíveis para consumo humano nas fases de produção, pós-colheita, armazenamento e transporte. O desperdício de alimentos está relacionado às perdas decorrentes da decisão de descartar alimentos que ainda possuem valor e está associado principalmente ao comportamento de vendedores, serviços de alimentação e consumidores.

Preços

A melhor época para o plantio e colheita do caqui-salsinha é entre abril e junho, pois seu ciclo dura aproximadamente um ano. É nesse período que o consumidor encontra os melhores produtos, com preços mais atrativos. Neste ano, o preço médio pago ao produtor pela caixa de 35 quilos de mandioca em Munhoz está em torno de R$ 70,00, uma queda significativa em relação ao preço praticado no mesmo período de 2022, quando custava R$ 230,00.

mandioca 3

A queda no preço, segundo o técnico da Emater, pode ser explicada pelo aumento da produção, devido ao clima mais favorável durante o plantio, no ano passado; associado a um menor consumo. O produtor Thiago sabe que o preço que recebe depende da lei da oferta e da procura, mas defende que o produtor precisa valorizar seu esforço e manter uma faixa de preço que recompense o trabalho, muitas vezes penoso, do nascer ao pôr do sol no campo.

“Até uso luvas para não machucar muito a mão, mas geralmente o produtor tem a mão rachada porque trabalha com terra. Hoje está valendo um pouco mais, porque o povo da cidade está vendo que a comida não cresce na gôndola, mas no campo. Mas temos que ir devagar e ter bom senso, trabalhar na medida, com o preço que a gente consegue para manter a produção. Este ano estamos tendo que nos virar, o preço está ruim”, finaliza.

Fonte: Noticias Agricolas

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