Pular para o conteúdo

Safra de laranja 2023/24 no cinturão citrícola de SP e MG é estimada em 309,34 milhões de caixas

Mesmo com ciclo de produção bienal, projeção segue no mesmo patamar da safra anterior e dentro da faixa média dos últimos dez anos

A safra 2023/24 de laranja no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, principal região produtora de laranja do mundo, está estimada em 309,34 milhões de caixas (40,8 kg). O anúncio foi feito pelo Fundecitrus, com a colaboração de Markestrat e professores titulares da FEA-RP/USP e FCAV/Unesp, nesta quarta-feira, 10 de maio, na 9ª edição do Levantamento de Estimativa de Safras (PES). O volume projetado mostra queda de apenas 1,55% em relação à safra passada, que fechou em 314,21 milhões de caixas.

Patrocinadores

Essa diferença, pouco expressiva, mantém a produção no mesmo patamar da safra anterior e dentro da faixa média dos últimos dez anos. Em relação ao volume médio produzido na última década, a safra atual apresenta um aumento de 1,04%. o caso nesta temporada. Assim, enquanto na safra anterior o número médio de frutos por árvore aumentou cerca de 5%, neste ano houve queda na mesma proporção.

impacto positivo

Patrocinadores

Por outro lado, a precipitação média acumulada no cinturão, de agosto de 2022 a abril de 2023, registrou volume 45% superior ao acumulado no mesmo período do ano anterior, o que deve favorecer a safra. “Caso as premissas utilizadas para projetar a safra se concretizem, ou seja, aumento do peso médio das laranjas e leve redução no índice de queda de frutos, será possível minimizar o impacto decorrente da diminuição da quantidade de frutos ”, avalia o coordenador do PES, Vinícius Trombin.

As primeiras chuvas começaram após o período de estresse hídrico do ano passado e foram registradas em agosto nas regiões de Avaré, Itapetininga e Duartina. Estas chuvas favoreceram a floração das laranjeiras em regime de sequeiro localizadas nestas áreas. A partir de outubro, as chuvas atingiram todas as regiões do parque em volume expressivo.

Para o presidente do Fundecitrus, Lourival Carmo Monaco, a estimativa de produção está em linha com a expectativa do citricultor. “Estamos entrando agora em um período de produção tecnicamente menor, mas nem por isso menos desafiador. O compromisso em manter a segurança elevada mesmo em cenários adversos é a especialidade do citricultor e certamente contaremos com o profissionalismo cada vez mais forte desses profissionais no dia a dia do campo”, afirma.

O gerente geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, reforçou que a estimativa de produção para a safra 2023/24 corresponde naturalmente ao ciclo produtivo dos pomares cítricos e que é preciso redobrar os cuidados com doenças e pragas. “Isso ocorre em diversas safras e na laranja não é diferente. Encerramos uma safra positiva e estamos abrindo esta com um cenário bastante otimista proporcionado pelas chuvas para tentar mitigar a bienal do ciclo cítrico. A atenção do citricultor deve estar presente, mais uma vez, no manejo eficiente das doenças, principalmente do greening”, enfatiza.

Peso médio

A incidência de chuvas já traz bons resultados no crescimento dos frutos, que já apresentam peso maior que a safra passada neste mesmo período. Espera-se que este bom desenvolvimento dos frutos continue até o final da temporada. Assim, o peso da laranja no momento da colheita é projetado em 165 gramas (247 frutos por caixa), o que representa um aumento de 3,71% em relação ao peso médio de 159 gramas registrado na safra anterior (256 frutos por caixa). e 1,23% acima do peso médio das últimas dez safras (163 gramas, o que resulta em 250 frutos por caixa).

Ecologização: o desafio continua

Apesar dos fatores positivos, a incidência e a severidade do greening continuam aumentando, o que representa um grande impacto na taxa de queda. Na safra anterior, a doença foi a segunda maior responsável pela queda dos frutos, representando mais de um quarto do índice total de 21,30%. Devido a esta situação, a taxa de queda está projetada em 21%, semelhante ao ano anterior.

A produtividade média nesta safra é praticamente a mesma do ano anterior, com 918 caixas por hectare e 1,83 caixas por árvore, ante 912 caixas por hectare e 1,85 caixas por árvore colhidas na safra 2022/23. Em termos de produtividade por setor, destaca-se o Norte, abrangendo as regiões do Triângulo Mineiro, Bebedouro e Altinópolis, onde se espera nesta safra a maior produtividade do cinturão citrícola, 1.088 caixas por hectare, representando um aumento de 25,3% em relação à a temporada passada.

36 milhões de toneladas de CO2

Este ano, o PES trouxe dados inéditos e preliminares para a quantificação do estoque de carbono gerado tanto em laranjais quanto em áreas destinadas à preservação da vegetação nativa em propriedades rurais, um território de aproximadamente 600 mil hectares. A obra começou em 2022 e foi executada pela Embrapa, com financiamento da Inocente Bebidas.

A conclusão inicial é que em todo o parque cítrico existe um estoque de aproximadamente 36 milhões de toneladas de carbono. “Isso mostra que a importância das áreas agrícolas para a mitigação das mudanças climáticas se deve ao fato de funcionarem, ao mesmo tempo, como fonte e sumidouro de carbono. Quando bem manejadas, contribuem para o aumento do estoque de carbono. A citricultura, pelos números que levantamos, tem papel fundamental nesse desempenho ambiental”, explica o pesquisador da Embrapa Territorial, Lauro Rodrigues Nogueira Junior, coordenador do levantamento. Para a realização do trabalho foram utilizadas laranjeiras que melhor representavam as plantas do cinturão cítrico em diferentes idades. No campo, as plantas foram medidas e separadas em tronco, galhos, folhas e raízes. Em laboratório, essas amostras frescas foram secas em estufa para determinar a porcentagem de biomassa em cada parte.

Por meio de uma equação alométrica, os pesquisadores envolvidos obtiveram como resultado uma estimativa do estoque de biomassa seca, que foi estendida para todo o cinturão citrícola. Por meio de análises químicas de amostras, foi determinado o carbono elementar da planta, atingindo uma média ponderada de 47% de carbono por quilo de biomassa seca. Ou seja, para cada quilograma, 470 gramas é carbono.

Fonte: Agro

Autor