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Reuters: Lula marca conversa com candidatos à presidência da Petrobras,…

Por Sabrina Valle

(Reuters) – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva agendou suas primeiras conversas com candidatos à presidência da Petrobras para esta semana, disseram pessoas envolvidas no assunto à Reuters, dando início ao que pode ser um período tumultuado de transição na estatal companhia de óleo.

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Lula, que toma posse em 1º de janeiro, já sinalizou que pretende fazer uma mudança radical na Petrobras.

Para levar a cabo essa estratégia, Lula planeja uma ampla mudança no alto e segundo escalão da empresa, disseram pessoas a par de seu planejamento.

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Pelo menos parte dos dividendos astronômicos que estão sendo pagos pela estatal aos acionistas na onda de alta do petróleo será direcionada para investimentos, segundo pessoas diretamente envolvidas nas conversas.

Nos últimos dois trimestres, a empresa pagou aos acionistas, incluindo o governo, mais que o dobro em dividendos do que todas as grandes companhias petrolíferas dos Estados Unidos e da Europa.

Os investimentos também não serão mais tão focados no petróleo em alto mar – hoje destino de 84% de tudo o que é investido pela empresa.

Desde o governo de Michel Temer, em 2016, a Petrobras deixou setores inteiros para pagar uma dívida igualmente astronômica contraída durante os governos petistas. A empresa vendeu gasodutos, sua unidade de biocombustíveis, fábricas de fertilizantes, todos os 7.700 postos de combustíveis da marca BR, além de refinarias.

Agora, Lula quer que a Petrobras volte a ser a gigante energética integrada que foi em seus dois primeiros governos (2003-2010), investindo parte do lucro em energia renovável, refinando e gerando empregos, segundo as fontes.

A nova abordagem aproximará a Petrobras da estratégia adotada pelas majors europeias BP PLC e Shell PLC, que estão reduzindo suas apostas no petróleo para investir em energia mais limpa.

Mas a decisão sobre quanto de dividendos será cortado – ou parcialmente substituído por recompra de ações – e quanto a empresa investirá em renováveis ​​ainda dependerá de quem assumir a equipe. Existem diferentes propostas dependendo do candidato. A maioria é contra a recompra de refinarias.

De qualquer forma, nos bastidores, o PT descarta a possibilidade de haver um presidente da Petrobras em desacordo com o partido e com o programa de governo de Lula.

“Unir desenvolvimento e meio ambiente é também investir nas oportunidades criadas pela transição energética, com investimentos em energia eólica, solar, hidrogênio verde e biocombustíveis”, disse Lula em seu discurso na cúpula do clima COP27, no Egito.

“São áreas nas quais o Brasil tem imenso potencial, principalmente no Nordeste brasileiro, que acaba de começar a ser explorado.”

Lula também vai mandar para o lixo o plano de privatizações da Petrobras, em gestação desde 2019 pela atual diretoria. Segundo alguns de seus idealizadores, o plano estava pronto para ser implementado no ano que vem, caso Bolsonaro fosse reeleito.

A empresa hoje tem um valor de mercado de 375 bilhões de reais – em 2008 era de 510 bilhões de reais – e distribuiu mais de 42 bilhões de reais em dividendos somente no último trimestre.

TEMPO CURTO

Mas o relógio está correndo contra Lula, que corre o risco de iniciar o governo com uma diretoria com orientações diferentes de seus planos.

Decretos e regulamentos criados após a saída do PT do governo há seis anos exigem pelo menos 45 dias – e possivelmente não menos que 60 – para verificação de currículos para conformidade, aprovação de nomes no conselho de administração e votação dos acionistas em assembleia.

Lula também precisaria contar com a renúncia voluntária do atual presidente da estatal, Caio Paes de Andrade, no dia 1º de janeiro. Seu mandato termina em abril.

Andrade, ex-funcionário do Ministério da Economia sem experiência anterior no sector petrolífero, até ao momento não deu sinais de que está disposto a fazê-lo, segundo pessoas próximas.

Bolsonaro, que o indicou, não reconheceu formalmente a vitória de Lula, seu inimigo político, e poucos esperam que ele colabore voluntariamente na transição de governo.

Com isso, a diretoria se prepara para resistir no cargo e manter seu programa até que sejam cumpridos os ritos formais de troca de liderança na estatal, segundo fontes da empresa. E mantém as portas abertas para a equipe de Lula.

O conselho prepara uma apresentação de 90 telas, dez de cada alto executivo, incluindo o CEO, para a transferência formal para a equipe de transição, segundo fontes da empresa.

LISTA RESUMIDA

Lula só nomeou a equipe de transição na área de energia na última quarta-feira e, até o final da semana passada, não havia falado diretamente com candidatos à presidência da Petrobras, segundo pessoas a par do assunto.

Entre eles, o senador Jean Paul Prates, um dos primeiros a ser citado. Não houve convite formal, embora Prates tenha viajado com Lula no jato particular que levou a delegação do governo eleito à COP27 no Egito, segundo fontes.

Prates foi um importante conselheiro de política energética durante a campanha de Lula, mas sua nomeação pode enfrentar obstáculos devido à sua campanha para prefeito em 2020 em Natal-RN. eleições nos últimos 36 meses.

Outros candidatos da lista incluem o ex-governador da Bahia Rui Costa, um forte aliado político de Lula; e Magda Chambriard, ex-diretora-geral da agência reguladora de petróleo e gás ANP, com carreira na área de exploração e produção da Petrobras.

William Nozaki, professor de economia da FESPSP, nomeado na semana passada para a equipe de transição de Lula, está sendo cogitado para liderar um conselho não estratégico da Petrobras.

Ex-presidente da Petrobras nos governos Lula, José Sergio Gabrielli ficou de fora da equipe de transição, indicando que sua candidatura perdeu força.

Gabrielli enfrenta um processo no TCU pela compra pela Petrobras da refinaria americana de Pasadena, o que pode dificultar sua aprovação pelos órgãos reguladores.

(Reportagem de Sabrina Valle)



Fonte: Noticias Agricolas

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