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Reuters: Lula diz que anunciará quadro fiscal após viagem à China e…

    Reuters Lula diz que anunciara quadro fiscal apos viagem a

    Por Lisandra Paraguassu e Fernando Cardoso

    (Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que apresentará o novo quadro fiscal somente após sua viagem à China e que não há pressa em discutir a proposta apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada. .

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    Em entrevista à TV 247, Lula disse que instruiu Haddad a divulgar o pacote somente após a viagem, que embarca no sábado. Lula e o ministro devem ficar fora do país por uma semana.

    “Haddad tem que anunciar e ficar aqui para debater, responder, dar entrevista, conversar com o sistema financeiro, com a Câmara dos Deputados, com o Senado, com outros ministros, empresários”, disse o presidente.

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    “O que você não pode fazer é avisarmos e sairmos”, continuou ele.

    Inicialmente, a intenção era apresentar a proposta antes de ir para a China, ou seja, ainda neste mês. Na sexta-feira, o presidente reuniu o ministro das Finanças e outros da área económica, além do ministro da Casa Civil, Rui Costa, para um primeiro debate.

    Na entrevista desta manhã, Lula afirmou que o quadro fiscal já está “maduro”, mas que é preciso cuidado para evitar cortes nas áreas sociais.

    “O que tenho chamado a atenção é que temos que fazer as coisas com muito cuidado porque não podemos deixar acabar os recursos para educação e saúde”, disse Lula, lembrando que vai conversar sobre o tema com Haddad durante a viagem.

    Na segunda-feira, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, havia dito que a âncora fiscal seria apresentada nos próximos dias e incluiria curva da dívida, superávit e controle de gastos.

    O texto ainda terá que ser negociado com o Congresso, e Lula disse, na entrevista, que vai conversar com parlamentares e todas as forças políticas para aprová-lo, assim como a reforma tributária, texto em que o governo ainda está trabalhando.

    Haddad vem discutindo o texto do quadro com o prefeito, Arthur Lira (PP-AL), e com o presidente do Senado, Rodrico Pacheco (PSD-MG). Ambos foram convidados a ir à China com Lula e a intenção do presidente era levar adiante essa negociação durante as várias horas de viagem no avião, mas na segunda-feira Lira anunciou que não irá a Pequim.

    Sobre a reforma tributária, o presidente admitiu não ter certeza se será possível votar uma mudança completa, mas acredita que o governo poderá aprovar pontos que revertam o modelo, fazendo com que os mais ricos paguem mais impostos e os mais pobres, menos. .

    MAIS CRÍTICAS DO BC

    No dia em que começa a nova reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), com a expectativa de que a manutenção da taxa Selic em 13,75% seja anunciada ao final da reunião desta quarta-feira, o presidente voltou a criticar a taxa de juros e afirmou que vai continuar a lutar pela sua redução.

    Lula classificou como “irresponsável” uma taxa de 13,75% quando o país não teria inflação de demanda e estaria sofrendo com a falta de investimentos causada pelo alto preço do crédito.

    “Não há razão, não há explicação, não há lógica. A única pessoa que concorda com os juros altos é o sistema financeiro, que sobrevive e vive disso e ganha muito dinheiro com a especulação”, disse o presidente.

    “Vou continuar pressionando, vou continuar tentando lutar para que possamos reduzir a taxa de juros para que a economia volte a investir”, disse Lula, que voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

    O presidente destacou que não há como trocar o presidente do BC, que tem mandato pela lei de autonomia do órgão, e só poderá apresentar outro nome daqui a dois anos.

    “Sinceramente, acho que o presidente do Banco Central não está comprometido com a lei que aprovou sobre a autonomia. A legislação diz que é preciso cuidar da responsabilidade da autonomia monetária, mas também é preciso cuidar da inflação , de crescimento do emprego, coisa que ele não liga”, disse.

    Lula voltou a dizer que o país precisa de crédito com juros mais baixos para crescer, ou as empresas não terão condições de investir. Acrescentou que o Governo pretende fazer uma política de financiamento “com os poucos recursos que temos” dirigida sobretudo às pequenas e médias empresas.

    A questão dos juros voltou à tona quando o presidente comentou sobre a redução da taxa do crédito consignado, anunciada pelo ministro da Previdência, Carlos Lupi, que levou os bancos a se retirarem do segmento.

    Lula classificou o corte como “precipitado”. Ela afirmou que deve haver um corte nos juros, mas que seria “coisinha”. O governo estuda propor um aumento do teto para 1,90%. Na semana passada, o Conselho da Previdência Social aprovou a redução para 1,70%, percentual que os bancos consideraram impossibilitado de funcionar.

    Lula também falou sobre a privatização da Eletrobras, afirmando que espera que o governo possa voltar a ser dono da empresa, que foi vendida no ano passado. Ele comentou que sua gestão entrou na Justiça contra a redução do poder de voto da União na empresa e contra o preço da recompra das ações da elétrica.

    Após o discurso do presidente, as ações da ex-estatal começaram a cair na bolsa de valores de São Paulo.

    CHINA

    Lula também falou sobre sua viagem à China, que embarcará no próximo sábado. Questionado se vai discutir a guerra entre a Rússia e a Ucrânia com o presidente chinês, Xi Jinping, ele garantiu que sim, dependendo dele, e elogiou a iniciativa do presidente chinês de ir à Rússia conversar com Vladimir Putin.

    “É um assunto que vou discutir com o presidente da China. Já é uma ótima notícia que a China tenha ido para lá agora, uma boa notícia. Porque precisamos parar todo mundo e dizer ‘vamos conversar de novo'”, afirmou.

    “Tenho convicção de que o Brasil pode dar uma contribuição extraordinária para acabar com a guerra e voltar à paz”, disse o presidente.

    Outro tema que veio à tona foi a decisão de Lula, desta vez, de não nomeá-lo como novo procurador-geral da República a partir da lista tríplice normalmente elaborada pelos procuradores.

    Em seus dois primeiros mandatos, e no de Dilma Rousseff, a escolha foi feita dentro da lista tríplice, que não é obrigatória. Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer e Jair Bolsonaro não a respeitavam.

    “Não vou escolher mais da lista tríplice. E o Ministério Público Federal tem que saber que não vou escolher por irresponsabilidade da Força-Tarefa Paraná”, disse Lula, referindo-se à operação Lava Jato, responsável por sua condenação de corrupção que posteriormente seria anulada pelo Supremo Tribunal Federal.

    “Eles jogaram era uma coisa que só eu tinha feito (a lista tríplice), então vou pensar muito em quem vou indicar, não tenho ninguém em mente ainda… levar muito em conta.”

    O atual PGR, Augusto Aras, termina o mandato em setembro deste ano.

    (Por Lisandra Paraguassu e Fernando Cardoso Editado por Flávia Marreiro)



    Fonte: Noticias Agricolas