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Propostas para fortalecer a cafeicultura no Paraná

    Propostas para fortalecer a cafeicultura no Parana scaled

    Documento apresenta metas para incentivar a produção estadual, aumentando a área cultivada e a renda dos cafeicultores

    Em 2023, a cafeicultura paranaense deve passar por uma reestruturação em seus diversos segmentos, na busca por mais sustentabilidade. O ponto de partida para isso é o Plano Estadual de Apoio e Desenvolvimento da Cafeicultura do Paraná, elaborado no segundo semestre do ano passado por diversas entidades, como o Sistema FAEP/SENAR-PR, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep) e Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab).

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    O material elenca os principais desafios da cadeia no Paraná, como o baixo preço do café nos últimos anos; altos custos de produção, principalmente de insumos; escassez de mão de obra em quantidade e qualidade; Condições climáticas adversas; e falta de assistência técnica, com baixa disponibilidade de profissionais. A partir disso, foram definidas metas e objetivos para nortear as ações, visando promover o aumento da área cultivada e a rentabilidade dos cafeicultores.

    O presidente da Comissão Técnica (CT) da Cafeicultura do Sistema FAEP/SENAR-PR, Walter Ferreira Lima, destaca três pontos de apoio ao plano: políticas públicas, com ações em parceria com os governos estaduais e municipais; gestão de pessoas, com associativismo e desenvolvimento humano; e tecnologia e assistência técnica. “Acredito que essas são as bases para alcançarmos aumento de produtividade, renda e qualidade do café paranaense e para alcançarmos, futuramente, a marca de três milhões de sacas beneficiadas [a última safra paranaense atingiu 498 mil sacas]. Isso permite que a rede tenha agilidade e volume para despertar o interesse do mercado”, afirma.

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    Capacitar os produtores rurais é uma das estratégias de desenvolvimento da cadeia. Em Carlópolis, por exemplo, o aumento da área dedicada à cultura passou de 750 hectares em 1970 para 5.500 hectares nas últimas décadas. Isso só foi possível graças à profissionalização dos cafeicultores, muitos dos quais fizeram curso do SENAR-PR. Em 20 anos, a entidade realizou 632 cursos sobre café, quase 30% em Carlópolis.

    “O município possui um plano de desenvolvimento da cafeicultura local, que inclui a parceria com o sindicato rural que demanda cursos para o Sistema FAEP/SENAR-PR. Isso promove a educação do produtor e treinamento de assistência técnica. Hoje, Carlópolis é referência estadual na cafeicultura, sendo um bom exemplo a ser seguido”, destaca Bruno Vizioli, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) da entidade.

    O documento aponta as tecnologias disponíveis para que os cafeicultores paranaenses alcancem uma produtividade superior à média nacional, de 27,4 sacas beneficiadas por hectare. A média no Paraná é de 27 sacas por hectare. “Temos muitas áreas com baixa produtividade porque são modelos de produção antigos que precisam se adaptar às novas tecnologias. Mas, para que o produtor assimile o novo, ele precisa de assistência técnica nesse processo. É aí que entra o associativismo, o apoio do Estado e o engajamento dos municípios”, complementa Lima.

    Histórico

    O plano traz um resumo da cafeicultura paranaense, que foi a mais produtiva do país até a década de 1960, com mais de 1,8 milhão de hectares plantados e representando 60% do valor total da produção agrícola do Estado. Com a geada negra de 1975, os cafezais paranaenses foram devastados, principalmente nas regiões Norte e Noroeste, principais produtores.

    Desde então, o perfil da cafeicultura teve que se reinventar. Hoje, o foco são os cafés especiais, que garantem mais valor agregado à renda das famílias do campo paranaense. Com o Programa Paraná Café de Qualidade, a partir de 1997, o Estado passou a ser reconhecido como produtor de cafés especiais, consolidando-se no cenário nacional e mundial.

    Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), o café está presente em 187 municípios do Estado, enquanto a atividade é desenvolvida por cerca de 6 mil famílias, sendo sua única ou principal fonte de renda.

    No entanto, a área destinada à cafeicultura no Paraná diminuiu significativamente nos últimos 20 anos, com o afastamento dos cafeicultores da atividade. Segundo o Deral, na safra 2021/22, a área cafeeira registrou perda de 17,3%, enquanto a produtividade média recuou 28,4%. As projeções indicam que apenas 26,6 mil hectares serão destinados ao cultivo de grãos na safra 2022/23, gerando uma produção de aproximadamente 42,8 mil toneladas.

    Como o plano funcionará

    Veja o resumo do projeto que visa revitalizar a cafeicultura paranaense

    linhas de ação

    – Pesquisa: desenvolvimento de cultivares com maior produtividade, resistência, diferentes ciclos de maturação, qualidades diferenciadas de bebida; desenvolvimento de um sistema agroflorestal visando a sustentabilidade da cultura; retomada das pesquisas na área de solos e mecanização;

    – Assistência técnica e extensão rural: organização de uma rede coordenada de assistência técnica; implantação de unidades demonstrativas de novas cultivares de café desenvolvidas pelo IDR-Paraná; contratação de extensionistas para reforço da equipe de assistência técnica e extensão rural;

    – Produção: manejo e conservação do solo e fertilidade; produtividade aumentada; redução de custos; mecanização; melhoria da qualidade; organização de produtores; sustentabilidade do processo; gestão de negócios;

    – Comercialização: agregação de valor; organização da produção; viabilização e estruturação de núcleos de pós-colheita, preparo de cafés especiais e padronização do café.

    Metas

    – Aumentar a área no Paraná em 5 mil hectares para 90 mil hectares nos próximos 12 anos;

    – Aumentar a produtividade média para 40 sc/ha;

    – Aumentar a produção para três milhões de sacas em 12 anos;

    – Produzir no mínimo 80% do café com qualidade de bebida dura tipo 6;

    – Produzir no mínimo 20% de cafés especiais;

    – Diminuir o custo de produção para 70% do valor da saca processada;

    – Mecanizar 80% da área do estado nos próximos quatro anos;

    – Capacitar e prestar assistência técnica a 2.000 novos cafeicultores por ano por meio de uma rede de ATER (IDR, cooperativas, prefeituras e organizações de cafeicultores) coordenada pelo IDR-Paraná.



    Fonte: Noticias Agricolas