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Pesquisa revela os canais de comunicação mais influentes na adoção de tecnologias na agricultura brasileira

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Apesar do crescimento recente das mídias digitais e das redes sociais, as relações interpessoais ainda são muito influentes na tomada de decisão sobre a adoção de tecnologias digitais na agricultura brasileira. É o que revela uma pesquisa inédita da Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Departamento de Economia Agrícola da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. A pesquisa ouviu 461 produtores de soja em cinco estados brasileiros e 340 produtores de soja em nove estados americanos – que representam 75% da produção de soja em cada país. Os resultados coletados no Brasil foram apresentados pela pesquisadora Joana Colussi, em webinar promovido pela Rede Brasil de Jornalistas Agro (AgroJor), nesta quarta-feira (7/12).

A pesquisa buscou identificar a influência dos meios de comunicação de massa (jornais, revistas, rádio, televisão e sites), redes sociais (WhatsApp, Instagram, YouTube, LinkedIn, Facebook etc.) e conversas com vizinhos) na decisão de adotar uma nova tecnologia no campo. “Fala-se muito sobre o papel da comunicação no processo de adoção, por isso nos motivamos a medir a influência de diferentes canais no comportamento do agricultor nos dois principais países produtores de soja do mundo”, diz Joana, pós-doutoranda em Economia Agrícola na Universidade de Illinois e vice-presidente internacional da Rede AgroJor.

Quando questionados sobre a relevância da mídia de massa, os produtores de soja brasileiros responderam que os sites e a TV por assinatura são os mais influentes na adoção da tecnologia. Dentre as mídias sociais, destacaram-se o WhatsApp e o YouTube. No relacionamento interpessoal, todos os seis canais pesquisados ​​tiveram médias semelhantes, destacando-se os Dias de Campo e as Conferências, Fóruns e Seminários. “Isso reforça que, apesar do crescimento das mídias digitais e das redes sociais, os contatos pessoais ainda têm um papel importante na hora de influenciar o produtor a adotar uma nova tecnologia”, reforça Joana, uma das pesquisadoras responsáveis ​​pelo estudo, ao lado do professores. Antônio Padula, da UFRGS, e Gary Schnitkey, Steve Sonka e Eric Morgan, da University of Illinois.

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Ainda na pesquisa, os produtores brasileiros foram questionados sobre o grau de uso de tecnologias de precisão e digitais na agricultura. Piloto automático, imagens de satélite/drone e mapeamento de produtividade tiveram o uso médio mais alto. Os menores foram sistemas de pulverização localizada e mapa de condutividade elétrica do solo, tecnologias menos difundidas nas lavouras. Em relação à tomada de decisão, aplicação de fertilizantes, seleção de variedades e escolha da população média de plantas tiveram as maiores médias. Em relação aos benefícios percebidos pelo uso das tecnologias, as médias foram altas e semelhantes, com destaque para aumento de produtividade e redução de custos.

Paralelamente às respostas objetivas dos produtores de soja entrevistados, os pesquisadores calcularam uma correlação entre todos os canais de comunicação e as tecnologias de precisão e digitais utilizadas no campo. Nessa análise, o LinkedIn apareceu como o canal de comunicação mais associado à adoção de sete tecnologias entre as oito pesquisadas no Brasil. “Os agricultores que responderam que o LinkedIn influencia a tomada de decisão tendem a ser os que têm os maiores níveis de adoção”, explica Joana.

Quando a mesma correlação é feita em relação aos canais de comunicação e benefícios percebidos, os Dias de Campo e Conferências tiveram as maiores associações em seis tecnologias dentre as oito analisadas no Brasil. As exceções foram em relação à compra de insumos agrícolas e comercialização da produção, para as quais o WhatsApp foi mais relevante. “Os resultados mostram o papel educativo do relacionamento interpessoal na busca do conhecimento, aliado à funcionalidade oferecida pelos aplicativos digitais”, reforça Joana.

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Com relação à correlação entre as decisões tomadas com o uso de tecnologias de precisão, os resultados indicam que os adotantes de decisões estabelecidas, como aplicação de fertilizantes, por exemplo, tendem a priorizar as ligações presenciais; enquanto os que adotam decisões mais emergentes, como semeadura de taxa variável, tendem a preferir as mídias sociais.

O perfil demográfico dos entrevistados pode ter influenciado os resultados. Dos 461 produtores de soja pesquisados ​​no Brasil, 43% têm menos de 41 anos, 35% entre 41 e 55 anos, 20% entre 56 e 70 anos e 2% mais de 70 anos. A baixa idade dos entrevistados também pode ter influenciado seu perfil de escolaridade: 35% com pós-graduação, 40% com ensino superior, 19% com ensino médio e 6% com ensino médio incompleto. Por fim, quanto ao tamanho das propriedades, 51% dos entrevistados plantam menos de 500 hectares, 29% de 501 a 2.000 hectares e 20% mais de 2.000 hectares.

Os dados foram coletados no Brasil de março a maio de 2021, por meio de um questionário online respondido aleatoriamente. O nível de confiança dos resultados é de 95% e a margem de erro é de 5%, calculada no modelo amostral probabilístico de universo infinito.

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A pesquisa nos dois países foi financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Farmdoc, grupo de extensão agrícola da Universidade de Illinois. No Brasil, a pesquisa teve apoio institucional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), do Sindicato e Organização das Cooperativas de do Estado do Paraná (Ocepar) e o Projeto Aquarius da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).



Fonte: Agro