Pular para o conteúdo

Governo vai comprar leite em pó para ajudar setor

    Governo vai comprar leite em pó para ajudar setor

    A compra de estoques de leite em pó dos agricultores familiares foi anunciado nesta quarta-feira (16) pelo Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) como uma das medidas do governo para ajudar o setor, que vem enfrentando dificuldades devido ao aumento das importações de produtos, principalmente dos países do Mercosul.

    será destinado R$ 100 milhões do governo federal para a compra de leite em pó, através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)no modo Compra Direta.

    Patrocinadores

    “As compras públicas ajudam imediatamente o setor. Compramos de organizações, cooperativas, associações de agricultores familiares que têm estoque e, a partir daí, podemos comprar mais leite e aumentar o preço. Quando fazemos uma compra desse porte, é um sinal muito positivo para o setor e também para o mercado. É uma demonstração de que os agricultores contam com a ajuda do governo federal, que está agindo a seu favor”, explicou o Presidente da Conab, Edegar Pretto.

    O leite em pó será destinado a pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional, conforme determina o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). “Além de proteger o setor produtivo nacional, vamos dar um passo muito importante para a erradicação da fome”, afirma Pretto.

    Patrocinadores

    Imposto

    Outra medida do governo para ajudar o setor é o aumento do imposto de importação de leite e derivados.

    O Comitê de Gestão Executiva (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou o aumento do Imposto de Importação de 12,8% para 18%, pelo prazo de um ano, para três laticínios: queijo macio e azul e óleo de manteiga.

    Em julho passado, o Governo já havia respondido ao pedido do setor para aumentar a taxa de suplementos alimentares, lactalbumina e outras albuminas.

    O Gecex também retirou 29 produtos do setor lácteo da Resolução 353 de 2022, que prevê uma Tarifa Externa Comum (TEC) unilateral de 10% para tarifas de importação. Com isso, esses produtos terão alíquotas que variam entre 10,8% e 14,4%. Alguns exemplos dessa lista são: iogurte (14,4%); manteiga (14,4%); queijo ralado (14,4%); e doce de leite (14,4%).

    Supervisão

    Em outra frente, o governo promete aumentar a fiscalização do leite vindo de outros países. Segundo Pretto, foram feitas denúncias sobre a prática de reidratar o leite em pó importado, o que é proibido.

    “Essa prática não é permitida, porque a partir do momento que você traz o leite em pó é para fins específicos, como na indústria de chocolates, por exemplo. Não dá para trazer leite em pó e dissolver, isso concorre deslealmente com o preço do nosso produto nacional”, explica.

    O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirma em uma rede social que o Ministério da Agricultura está intensificando a fiscalização com a hidratação do leite em pó, que é proibida.

    “Vamos coibi-lo rigorosamente. Também estamos atentos à entrada de produtos não conformes em nossas fronteiras”. Segundo o ministro, o governo trabalha para minimizar os impactos da importação do leite do Mercosul, que está tirando competitividade e rentabilidade dos produtores.

    O Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borgesdiz que o problema com a importação de leite acontece desde agosto do ano passado.

    “Nossa cadeia produtiva sempre passou por momentos complexos como o que estamos vivendo agora. Mas antes eram 60, 90 dias e agora temos recordes de importação de leite de março para cá e eles vêm acontecendo desde agosto do ano passado. Essas importações acabam sendo prejudiciais. Nós do setor não somos contra as importações, mas elas estão trazendo prejuízos para o setor”, afirmou, durante a abertura da Interleite, em Goiânia. Segundo Borges, muitos produtores estão deixando a atividade, o que resulta no enfraquecimento do setor.

    importação de laticínios

    Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea Esalq/USP), as importações brasileiras de lácteos aumentaram 148% entre junho de 2022 e junho de 2023. Já no caso do leite em pó, as compras externas aumentaram ainda mais: 234,11% no período, com o principal fornecedores sendo Uruguai, Argentina e Paraguai.

    No primeiro semestre de 2023, as importações somaram mais de 1,09 bilhão de litros de equivalente leite, quase três vezes o volume registrado no mesmo período do ano passado.

    “O aumento das importações se justifica pela maior competitividade dos lácteos adquiridos. A menor oferta de leite cru brasileiro neste primeiro semestre elevou os preços ao longo da cadeia produtiva, distanciando ainda mais os preços dos lácteos nacionais dos internacionais – que também têm apresentado tendência de queda”, avalia o Cepea, na última edição do Boletim da o leite.

    No mercado interno, o preço médio do leite cru adquirido pelos lácteos caiu em maio, atingindo R$ 2,7229/litro, com reduções reais de 6,2% e 2,2% em relação a abril de 2023 e maio de 2022, respectivamente. Segundo o Cepea, a tendência é que o movimento de queda continue, com queda de cerca de 5% no preço do leite pago ao produtor em junho.

    Consumidor

    Apesar da queda no preço do leite para o produtor, o preço final do produto para o consumidor vem subindo. Entre janeiro e julho de 2023, o leite longa vida teve alta de 7,13%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial.

    “Essa questão é estranha para nós, porque o preço está baixando para o produtor, mas não vemos essa queda na mesma proporção para o consumidor”, diz Pretto. O presidente da Conab diz que em breve conversará com as grandes redes de supermercados para entender essas diferenças e buscar soluções.

    Jornal do campo
    Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão?

    Fonte
    Gostou das nossas dicas? Possui alguma outra que gostaria de compartilhar com a gente?
    Escreva para nós nos comentários!

    Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo