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Descubra como JBS e Burger King minimizam culpa

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A indústria da carne e a minimização do impacto climático: financiamento de pesquisas controversas

A JBS USA e o Burger King estão financiando pesquisas de universidades públicas nos Estados Unidos que buscam minimizar o impacto da pecuária sobre o aquecimento global. Esse apoio levanta questões éticas e coloca em evidência os conflitos de interesses na relação entre empresas e universidades.

Um estudo publicado na revista científica Climatic Change revela a influência da indústria da carne em centros de estudo que pesquisam as emissões de gases de efeito estufa na pecuária. Esses centros são acusados de promover soluções tecnológicas que favorecem a indústria e de impedir regulamentações das emissões de gases de efeito estufa pelo gado.

Neste artigo, vamos analisar em detalhes como o financiamento de pesquisas pode distorcer a percepção pública sobre as questões climáticas e as possíveis consequências desse tipo de influência na tomada de decisões políticas e ambientais. Acompanhe para entender melhor os impactos desse cenário controverso e discutir possíveis alternativas para uma abordagem mais transparente e responsável em relação ao meio ambiente.


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Financiamento de pesquisas e conteúdos pagos

A indústria pecuária dos Estados Unidos investiu cerca de US$ 6,4 milhões em dois centros de estudo, o AgNext e o Clear. A American Feed Industry Association (Afia) foi a principal financiadora, com um aporte de US$ 2,8 milhões no Centro Clear, juntamente com um investimento direto do Burger King. Além disso, a filial norte-americana da JBS contribuiu com US$ 203 mil para o AgNext. Essa estratégia de financiamento tem o objetivo de minimizar o impacto da pecuária sobre as mudanças climáticas e influenciar legislações futuras.

Guru da pecuária defende nova forma de medir gases de efeito estufa

Frank Mitloehner, conhecido como o “guru dos gases do efeito estufa”, defende uma nova abordagem de medição, chamada de GWP, que busca a “neutralidade climática” em vez da “neutralidade de carbono”. Essa visão sustenta que a redução das emissões de metano pelo gado poderia ser considerada positiva em termos climáticos. No entanto, essa abordagem tem sido contestada, pois pode distorcer a realidade das emissões e agravar as mudanças climáticas. Estudos mostram que a pecuária contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa, sendo essencial uma redução efetiva.

Pesquisas não têm revisão de cientistas do clima

Apesar de ser chamado de “guru do efeito estufa”, Mitloehner é criticado por não ter contribuído com relatórios do IPCC e por não participar de conferências científicas relevantes. Sua pesquisa não é revisada por especialistas em mudanças climáticas, o que levanta questionamentos sobre a imparcialidade e a transparência de seus trabalhos. A falta de divulgação de financiamentos da indústria também coloca em xeque a independência de suas pesquisas e as conclusões apresentadas. Essa falta de colaboração com a comunidade científica especializada em clima traz dúvidas sobre a validade de suas afirmações.
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Conclusão

A influência da indústria da carne na pesquisa científica sobre as emissões de gases de efeito estufa na pecuária levanta sérias questões éticas e de transparência. O financiamento de pesquisas por empresas do setor, como a JBS USA e o Burger King, compromete a independência e a objetividade dos resultados. Além disso, a defesa de uma nova forma de medir os gases de efeito estufa pela indústria pecuária visa minimizar os impactos negativos do setor e obstruir a implementação de políticas climáticas mais rígidas.

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Os conflitos de interesse entre as empresas e as universidades colaboradoras dos centros de estudo financiados pela indústria da carne levantam preocupações sobre a integridade da pesquisa científica e a disseminação de informações imparciais. A captura corporativa de instituições acadêmicas compromete a credibilidade das descobertas e influencia negativamente as políticas públicas relacionadas às mudanças climáticas e à sustentabilidade ambiental.

Diante desse cenário, é essencial que haja uma maior transparência, independência e revisão por pares na pesquisa científica sobre as emissões de gases de efeito estufa na pecuária. A sociedade deve exigir um debate mais amplo e aberto sobre as práticas da indústria da carne e seu impacto no meio ambiente, visando a implementação de medidas eficazes para mitigar as emissões e promover a sustentabilidade do setor.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

Análise da Indústria da Carne e o Financiamento de Pesquisas

A JBS USA, subsidiária da companhia brasileira nos Estados Unidos, e o Burger King, rede controlada por um grupo de investidores brasileiros, estão financiando pesquisas de universidades públicas norte-americanas que minimizam o impacto da pecuária sobre o aquecimento global, segundo estudo publicado na revista científica Climatic Change. Essa estratégia seria parte de um esforço da indústria da carne para obstruir políticas climáticas desfavoráveis e moldar a opinião pública a seu favor.

FAQs sobre o Financiamento de Pesquisas

1. Por que a indústria da carne está financiando pesquisas em universidades públicas?

As empresas buscam apoio acadêmico para minimizar o impacto ambiental da pecuária, influenciar políticas e promover uma imagem favorável do setor.

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2. Quais são os possíveis conflitos de interesses apontados no estudo?

O estudo destaca que os centros de estudo apoiados pela indústria da carne podem favorecer interesses privados em detrimento do rigor acadêmico e da transparência.

3. Como as pesquisas financiadas pela indústria da carne podem impactar as políticas climáticas?

Os pesquisadores ligados aos financiadores podem influenciar regulamentações e discursos públicos, promovendo tecnologias favoráveis ao setor e minimizando a necessidade de ações mais rigorosas.

4. Qual é a importância da transparência na divulgação de financiamentos em pesquisas acadêmicas?

A transparência na divulgação de financiamentos é essencial para garantir a integridade e a independência das pesquisas, evitando conflitos de interesses e manipulações de resultados.

5. Como a sociedade pode analisar de forma crítica as informações provenientes de pesquisas financiadas pela indústria?

É fundamental que a sociedade se mantenha informada, questione as fontes e busque por pesquisas independentes e imparciais para formar uma opinião embasada sobre questões ambientais e de saúde pública.

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo
Verifique a Fonte Aqui

A JBS USA, subsidiária da companhia brasileira nos Estados Unidos, e o Burger King, rede controlada por um grupo de investidores brasileiros, estão financiando pesquisas de universidades públicas norte-americanas que minimizam o impacto da pecuária sobre o aquecimento global. Esse apoio faria parte de uma estratégia da indústria da carne para “obstruir” políticas climáticas desfavoráveis ao setor e conquistar a opinião pública.

Essas são as conclusões de um estudo publicado na revista científica Climatic Change e assinado por pesquisadoras da Universidade de Yale e da Universidade de Miami, nos Estados Unidos.

Elas analisaram as atividades de dois centros de estudo apoiados pela indústria da carne: o AgNext, da Universidade Estadual do Colorado, e o Centro Clear, da Universidade da Califórnia em Davis, que pesquisam as emissões de gases de efeito estufa na pecuária. 

As pesquisadoras apontam conflitos de interesses na relação entre empresas e universidades, pois os centros de estudo não atuam apenas na produção acadêmica, mas também prestam outros serviços para seus financiadores do agronegócio, como atividades de relações públicas e campanhas de comunicação, participação em reuniões governamentais, entre outros. 

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“Esses centros frequentemente minimizam as contribuições da pecuária para a crise climática, promovem ‘soluções’ tecnológicas que favorecem a indústria e minimizam a necessidade de regulamentações das emissões de gases de efeito estufa pelo gado”, afirma Viveca Morris, da Universidade de Yale, em entrevista por e-mail à Repórter Brasil.

Entre os feitos alcançados pelos “cientistas da pecuária”, de acordo com o estudo, estão uma interferência no Guia Alimentar dos EUA, que excluiu uma menção à necessidade de redução no consumo de carne, além do apoio a um projeto de lei que impediria as Forças Armadas do país a aderir ao movimento “segunda-feira sem carnes”.

Segundo o estudo publicado na Climatic Change, esses cientistas emprestam seu prestígio universitário e apostam em controvérsias científicas para, na prática, fazer lobby em prol de interesses privados. É o que as pesquisadoras chamam no artigo de “captura corporativa de instituições acadêmicas”.

“As empresas contratam pesquisadores para serem testemunhas em processos legais, ajudar a estabelecer metas regulatórias, escrever conteúdos para redes sociais, desenvolver e manter sites. E os conflitos de interesse dos pesquisadores possivelmente nunca serão divulgados publicamente”, afirma o estudo, que é assinado por Morris e por Jennifer Jacquet, da Universidade de Miami.

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Descubra como JBS e Burger King minimizam culpaBrasil lidera o ranking de maior rebanho do mundo, com mais de 234 milhões de cabeças (Foto: Fernando Martinho/Repórter Brasil)

Financiamento de pesquisas e conteúdos pagos

Segundo o levantamento, a indústria pecuária dos Estados Unidos investiu, entre 2018 e 2023, US$ 6,4 milhões (equivalente a R$ 32,3 milhões) nos dois centros de estudo em questão

O principal investidor foi a American Feed Industry Association (Afia), a associação norte-americana da indústria de alimentação, da qual a JBS faz parte. Por meio de seu braço educacional, ela aplicou US$ 2,8 milhões (cerca de R$ 14,5 milhões) no centro de estudos da Universidade da Califórnia, o Clear (sigla que pode ser traduzida para Clareza e Liderança para Conscientização e Pesquisa Ambiental). Este centro recebeu também aporte de US$ 106 mil (R$ 547 mil) diretamente do Burger King. O Clear é coordenado por Frank Mitloehner, que se autodenomina como “guru dos gases do efeito estufa”.

Já a filial norte-americana da JBS aplicou US$ 203 mil (cerca de R$ 1 milhão) no centro de estudos da Universidade Estadual do Colorado, o AgNext, que é coordenado atualmente por uma ex-aluna do “guru”, Kimberly Stackhouse-Lawson, ex-diretora de sustentabilidade da JBS USA. Para destacar os “esforços para construir uma pecuária sustentável”, a empresa também bancou conteúdos pagos sobre o centro de pesquisas em veículos jornalísticos, como o Wall Street Journal e o Politico.

Entre outras financiadoras destes dois centros estão a empresa de confinamento de gado Five Rivers Cattle Feeding, o programa National Pork Board (vinculado ao Departamento de Agricultura dos EUA, para promover a carne suína), a companhia de nutrição animal Diamond V (subsidiária da Cargill) e a associação Beef Alliance.

1714491976 98 Descubra como JBS e Burger King minimizam culpaJBS financiou e promoveu centros de pesquisas que minimizam impacto da pecuária às mudanças climáticas (Foto: Fernando Martinho/Repórter Brasil)

Guru da pecuária defende nova forma de medir gases de efeito estufa

O Clear é o mais influente. Criado em 2019 por meio de uma parceria entre Mitloehner, o “guru”, e a associação da indústria alimentícia (Afia), o centro mantém um conselho com representantes de seus financiadores para receber sugestões para pesquisas e campanhas de comunicação, como mostram documentos do Clear revelados em reportagem da Unearthed.

A partir de 2020, Mitloehner passou a defender uma nova forma de medir os gases de efeito estufa, chamada de GWP, pela qual se busca a “neutralidade climática” e não a “neutralidade de carbono”. 

Para serem neutras em carbono, as emissões devem ser totalmente compensadas, ou seja, o saldo líquido deve ser zero. Já para ser “neutro em clima”, basta reduzir o nível de emissões. Por essa alternativa, se uma indústria diminui as emissões de gás metano pelo gado, ela pode ter seu impacto climático considerado como “positivo”.

O metano é um gás produzido pela digestão de bovinos, e liberado principalmente pelo arroto dos animais. Ele é o segundo gás de efeito estufa provocado pelo homem mais abundante na atmosfera, atrás apenas do dióxido de carbono (CO2), gerado pela queima dos combustíveis fósseis, queimadas e desmatamento.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnuma), a pecuária responde por um terço das emissões de gás metano causadas pelo homem, e a redução dessas emissões é “fundamental na batalha contra as alterações climáticas”.

Porém, Mitloehner defende que o metano proveniente do gado não tem o mesmo impacto de aquecimento que o proveniente de combustíveis fósseis, e que a pecuária não é uma grande impulsionadora das mudanças climáticas em comparação com esse outro setor.

Em entrevista à Repórter Brasil, Mitloehner afirma que a redução dos níveis de metano teria um impacto significativo em nosso clima. “Uma redução de aproximadamente 30% no metano ao longo de 20 anos compensaria outros gases de efeito estufa da pecuária e resultaria em um aquecimento negativo no setor”, ele diz.

Para Morris e Jacquet, essa é uma tentativa de minimizar os impactos do setor e impedir que haja políticas públicas mais duras. Elas avaliam que esse discurso foi comprado pela indústria. A associação da indústria alimentícia descreve Mitloehner como uma voz “neutra e confiável” para “repórteres e grupos impactados em conferências e outras reuniões governamentais importantes”.

Em artigo científico publicado em dezembro na Environmental Research Letters, o pesquisador Gaspar Donnison, da Universidade de Southampton, aponta como a indústria tem estimulado o uso dessa nova forma de medir a emissão de gases de efeito estufa, e afirma que isso seria um erro.

“Usando o GWP, um setor pecuário com emissões de metano altas, mas em declínio ao longo dos anos, pode afirmar ser neutro em termos climáticos. Essa lógica já aparece em alguns estudos como ‘efeito de resfriamento’, o que é enganoso, já que não está resfriando a atmosfera, apenas a aquecendo ligeiramente menos”, escreve Donnison.

“Isto corre o risco de minar a ciência climática, confundindo empresas, consumidores e decisores políticos. Estas recentes alegações de neutralidade climática distraem-nos do desafio urgente de reduzir as emissões de todos os gases com efeito de estufa de todos os setores, incluindo a agricultura”, ele completa.

Considerando o cenário brasileiro, os cientistas da pecuária ignoram também o fato de que a atividade está relacionada à destruição de mata nativa para abertura de pastagens, algo particularmente frequente na Amazônia. 

Estudos apontam que mais de 70% das emissões no país estão ligadas ao agronegócio, e, mais especificamente, com a mudança do uso do solo, como desmatamento e conversão de florestas em pastagens. Os municípios de Altamira e São Félix do Xingu (PA), que possuem os maiores rebanhos do país, são os campeões em emissões de gases do efeito estufa.

Repórter Brasil enviou a Mitloehner os dados sobre as emissões de gases pela pecuária brasileira, grande fornecedora de carne ao mercado dos Estados Unidos, mas o pesquisador afirmou desconhecê-los.

Descubra como JBS e Burger King minimizam culpaDesmatamento para conversão de florestas em pastagem piora o cenário do Brasil na emissão de gases de efeito estufa pela pecuária (Foto: Daniel Beltrá/Greenpeace)

Pesquisas não têm revisão de cientistas do clima

Apesar de ser conhecido como “guru” do efeito estufa, Mitloehner é criticado por Morris e Jacquet por não ter se apresentado em grandes conferências de ciências climáticas e também por nunca ter contribuído como autor para um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) – grupo de cientistas estabelecido pelas Nações Unidas para monitorar a ciência relacionada às mudanças climáticas. 

Suas publicações são frequentes em revistas de ciência animal, sua especialidade, em vez das relacionadas ao clima. Nem sempre ele divulga o financiamento que recebe da indústria. “Os revisores e editores de artigos publicados em revistas de ciência animal são diferentes dos de revistas de ciências climáticas”, afirma Morris.

O “guru” veio ao Brasil em 2022 para participar do “Fórum Metano na Pecuária”, realizado pela JBS. O título de sua palestra: “Não precisamos eliminar a pecuária para parar o aquecimento global”. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, afirmou que a pecuária pode ser uma solução para as mudanças climáticas.

À Repórter Brasil, o pesquisador disse que não há interferência da indústria em assuntos investigados, metodologias ou resultados de pesquisas que saem de seu laboratório ou do centro de estudos Clear. “Minha pesquisa passa por uma rigorosa revisão por pares e pela análise pública e se sustenta”.

A assessoria de imprensa da JBS USA afirmou que o investimento em projetos de pesquisa faz parte de suas iniciativas em sustentabilidade. Já a Afia, por meio do seu braço educacional (Ifeeder), informou que o apoio ao Centro Clear “tem como objetivo reduzir a insegurança alimentar e o desperdício de alimentos, enquanto utilizam pesquisas científicas para mostrar como o setor de agricultura animal pode ser mais sustentável”. (Leia aqui as respostas completas). 

Para Stackhouse-Lawson, do AgNext, é comum que a indústria e o governo financiem programas, equipamentos e até mesmo estudos no setor. Porém, ela nega haver interferência. “A pesquisa universitária é independente e objetiva. As fontes de financiamento não têm influência nos resultados dos estudos”, diz.

O Burger King e a AFIA foram procurados, mas não retornaram até o momento. O espaço segue aberto para manifestações.

Viveca Morris, da Universidade de Yale, afirma que a indústria da pecuária se promove cada vez mais como parte da solução para as mudanças climáticas, mas na verdade são grande parte do problema. “O potencial de mitigação das medidas tecnológicas disponíveis para reduzir as emissões da pecuária é limitado. Diante disso, a solução para diminuir as emissões passa pela redução da produção e do consumo de produtos de proteína animal em sociedades de alto consumo”, afirma.

Descubra como JBS e Burger King minimizam culpa