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Confira dicas para intensificar pastagens com sucesso

No universo da pecuária, o manejo eficiente de pastagens é um fator chave para o sucesso da produção.

Em entrevista para Consultoria Escocesaa zootécnica e médica em forrageira Janaína Martuscellofalou sobre escolha de forrageiras, intensificação de pastagens, capacidade de suporte, enfrentamento à seca, adubação, controle de plantas invasoras e recuperação de áreas degradadas.

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A especialista Janaina Martuscello destacou a importância da escolha da forragem certa para o sucesso da produção pecuária. Ela enfatizou que fatores como solo, clima, topografia e capacidade de gestão são cruciais para esta decisão. Confira:

Scot Consultoria: Janaina, como o produtor pode fazer a melhor escolha da forragem? Que erros você não deve cometer?

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Janaína Martuscello: A escolha da planta forrageira depende de uma série de fatores que devem ser levados em consideração, como, por exemplo, as condições do solo, o clima, a topografia e a capacidade de manejo que o agricultor possui, sendo que este último fator pode ser muito importante. negligenciada, pois o pecuarista, às vezes, esquece que, muitas vezes, não tem capacidade de manejar uma planta mais indócil, como as plantas do gênero Brachiaria spp, que são um pouco mais fáceis de manejar quando comparadas às do gênero Brachiaria spp. gênero Panicum máximo. Quando o pecuarista escolhe a forragem errada, do gênero Panicum, por exemplo, e não sabe manejá-la, os resultados esperados não serão alcançados e o produtor acreditará que a culpa é da planta forrageira. Portanto, na hora de escolher a forragem para a fazenda, ela tem que ser realizada de forma assertiva, realizando análise de solo, avaliando o sistema de produção que será utilizado e como está o método de pastoreio da propriedade. Isso porque há uma diferença na escolha da forragem se você vai utilizar pastoreio com lotação contínua ou lotação rotativa, então todos esses critérios precisam ser avaliados, pois uma das causas da degradação das pastagens no Brasil é justamente a escolha errada de forragem. De modo geral, avaliar as condições de solo, clima, topografia e capacidade de manejo torna a escolha da planta forrageira mais assertiva..

Scot Consultoria: Quais as principais vantagens da intensificação de pastagens? E as dificuldades?

Janaína Martuscello: É necessário esclarecer o conceito de intensificação de pastagens, pois, muitas vezes, o pecuarista acredita que intensificar uma área de pastagem é trabalhar com um número muito grande de piquetes, altas doses de fertilizantes e irrigação, quando, na verdade, qualquer ação que se é feito dentro da propriedade que aumenta sua produtividade, forragem e, consequentemente, produtividade animal, já é um sistema intensificado. Portanto, se a lotação passar de 1 UA/ha e, no próximo ano, para uma lotação de 1,2 UA/ha, você já está realizando o processo de intensificação do sistema. A maior vantagem da intensificação é, de fato, produzir bem dentro da propriedade e isso é muito importante, principalmente quando se considera o valor atual do terreno. O pecuarista precisa descobrir o que está impedindo a propriedade de ter uma boa produtividade e só sabendo qual é o seu maior problema ele poderá corrigi-lo e melhorar seu sistema de produção. Na maioria dos casos, a intensificação acarreta algum custo, mas não considero isto uma desvantagem porque o custo é diferente do investimento. Quando você avança corretamente, fazendo uma avaliação total dos custos que serão necessários, você está fazendo um investimento, então trará retorno. Em resumo, para que a intensificação seja bem feita, ela precisa ser planejada.

Scot Consultoria: Como é possível calcular a capacidade de suporte da pastagem? E quanto à necessidade de forragem do rebanho?

Janaína Martuscello: Capacidade de suporte é a quantidade de animais que seu pasto e fazenda podem suportar sem iniciar um processo de degradação. Então, uma das causas da degradação das pastagens é o não respeito da capacidade de suporte de uma fazenda. Há uma grande preocupação por parte dos pecuaristas em relação ao índice de lotação, ou seja, quantos animais cabem dentro da propriedade. Porém, mais importante que a taxa de lotação, é conhecer a capacidade de suporte, ou seja, conhecer a produção de alimentos para que, somente a partir daí, seja realizada a estimativa de quantos animais você poderá alojar. A capacidade de suporte será medida pela quantidade de alimento, ou seja, pela quantidade de capim disponível na fazenda ao longo dos meses. Então, fazer essa avaliação da produção de capim é fundamental para determinar a melhor taxa de lotação.

Scot Consultoria: Como os produtores podem proteger e preparar sua produção para o período de seca todos os anos?

Janaína Martuscello: Costumo dizer que todo ano há seca e isso não é novidade para ninguém. Então, sabemos que todos os anos teremos sazonalidade de produção. Isso porque nossas gramíneas tropicais têm uma produção sazonal, ou seja, há muita produção de forragem no período chuvoso que coincide, em grande parte do Brasil, com um período de muita luz e temperaturas mais altas, enquanto o inverno é marcado por sendo um período seco, com menor disponibilidade de luz, água e temperatura, provocando queda na produção dessas gramíneas. Portanto, esta distribuição sazonal já é conhecida. É necessário maximizar a reserva do que sobra no período chuvoso para que possa ser aproveitado no período seco do ano. Existem diversas estratégias a serem utilizadas para que seja possível fazer uma melhor distribuição dessa produção forrageira, dentre elas a silagem, uma das técnicas mais utilizadas no Brasil, para que o alimento possa estar disponível no período seco do ano, algo que muitas vezes nem pensamos. Fazer uma silagem de capim tropical é totalmente possível e tem trazido bons resultados. Em um sistema rotacional, por exemplo, onde as pastagens são divididas por piquetes, é bem possível que você separe parte desses piquetes para que seja feita uma silagem de capim tropical que será destinada ao período mais seco do ano. Outras excelentes estratégias são o uso de feno e capim como segurança alimentar para o período seco do ano, e também o diferimento de pastagens, que nada mais é do que a separação de uma área no período seco do ano para que se possa vedar isto, ou seja, não é utilizado pelo animal, para que possa ser utilizado no período de seca. É importante ressaltar que a pastagem diferida, para trazer bons resultados no período seco, deve ser aliada a uma boa suplementação, para que a matéria seca (MS) de baixa qualidade da pastagem diferida possa ser degradada ao nível ruminal. É preciso tratar muito bem a pastagem no período chuvoso para que ela entre melhor na estação seca. Assim, se o pasto for “raspado” no “melhor período”, será muito difícil atravessar o período de seca com segurança, pois a tendência é que o rebanho perca a condição de pontuação corporal e, em alguns casos no Brasil, isso pode até acontecer. a morte de animais por fome. Portanto, adubar, cuidar do sistema radicular, garantir que o solo tenha reposição de nutrientes e realizar o manejo por altura são excelentes estratégias para que essa pastagem entre melhor no período mais seco do ano..

Scot Consultoria: Existe fórmula mágica na escolha do fertilizante para pastagens?

Janaína Martuscello: Não existe fórmula mágica, nem receita para todos os pecuaristas. Ouso dizer que também não existe receita igual para as diversas partes de uma mesma propriedade. Não existe fórmula mágica para a adubação de pastagens, o que existe é realizar uma interpretação de acordo com a análise do solo, para poder recomendar as necessidades. Assim, a análise do solo é primordial e é o primeiro passo para que seja possível fazer uma “raio x” do solo, além de servir de base para a recomendação de adubação, auxiliando na escolha da planta forrageira que será adotada. . Em geral não existem doses genéricas de calcário, assim como não existem doses genéricas de fertilizantes, tudo precisa ser avaliado de acordo com a análise do solo e os resultados.

Scot Consultoria: Quais fatores favorecem a disseminação de plantas invasoras e quais os problemas causados ​​pela presença de ervas daninhas nas pastagens?

Janaína Martuscello: As plantas invasoras são conhecidas como plantas oportunistas, que representam um sinal claro de que algo está errado quando aparecem no pasto. Em geral, essas plantas invasoras surgem quando há declínio da fertilidade do solo, ou seja, a não reposição de nutrientes lhes dá oportunidade de emergir e ocupar espaços vazios. Outro fator que torna as pastagens muito propensas ao surgimento de plantas daninhas são os erros de manejo. A alta lotação determina que a planta forrageira não tenha capacidade de rebrota suficiente para competir com as plantas invasoras e, por serem muito mais eficientes no uso dos recursos, ainda mais quando estes são escassos, isso lhes permite vencer a competição. . Então é muito difícil fazer com que o seu capim, a sua forragem, estando no ambiente errado, com excesso de pastoreio e sem reposição de nutrientes, consiga competir com as plantas invasoras. Um manejo bem feito, com reposição de nutrientes e utilização de planta forrageira adequada para aquela região, é etapa essencial para que a planta forrageira consiga competir com possíveis plantas invasoras..

Scot Consultoria: No Brasil, uma grande porcentagem de áreas de pastagens está degradada em diferentes graus. Existem soluções para recuperar essas pastagens?

Janaína Martuscello: Sim, é possível recuperar uma área degradada. A recuperação, ou reforma, é um processo muito custoso, por isso muitas vezes recomendamos começar pela área menos degradada, pois o investimento será menor e o retorno financeiro será maior. Com esse retorno maior, estamos recuperando as áreas mais degradadas. Como já mencionado, a escolha errada da forragem, o manejo inadequado e a falta de reposição de nutrientes são os motivos para a ocorrência da degradação das pastagens. Contudo, está claro que nenhum pecuarista deixa deliberadamente a sua área de pastagem degradar-se. Muitas vezes faltam recursos financeiros ou até mesmo falta de conhecimento. Antes de decidir como realizar esse processo de recuperação ou renovação de pastagens, é necessário avaliar o estado da pastagem. Pastagens com poucas plantas invasoras, poucos espaços vazios e com grande quantidade da forragem de interesse, muitas vezes, necessitam apenas de uma recuperação simples, não havendo necessidade de troca de planta forrageira. Neste caso específico, às vezes, um repouso ou apenas calagem seria suficiente para que a pastagem recuperasse a produtividade anterior. Porém, quando encontramos pastagens com muitos espaços vazios, com quantidade muito pequena da planta forrageira de interesse e solos compactados, é mais interessante fazer uma reforma, ou seja, uma renovação, que nada mais é do que fazer todos os tratamentos agronômicos, revolvimento do solo, para recomeçar essas áreas de pastagem, mas é possível recuperar. Vale ressaltar que o pecuarista deve avaliar qual área está menos degradada para poder iniciar esse processo..

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