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Cama de Compost Barn – diagnóstico e critérios para substituição

    Cama de Compost Barn diagnostico e criterios para substituicao

    Cama de Compost Barn

    A evolução da pecuária leiteira no Brasil nos últimos anos é em grande parte consequência de melhorias na genética, nutrição e meio ambiente, resultando no aumento da produtividade. Quanto mais esses fatores são melhorados, maior o impacto do ambiente na obtenção de resultados, como resultado, tem havido um grande crescimento no investimento em estruturas de alojamento, especialmente para vacas em lactação. Entre os sistemas habitacionais, o Compost Barn tem sido preferido pela maioria dos pecuaristas. Com a adoção deste sistema relativamente novo, surgem também algumas dúvidas, sendo alvo de importante avaliação e discussão a real condição da cama e os critérios para a sua substituição.

    O Compost Barn é uma estrutura em que a cama dos animais é composta por seus dejetos, misturados com matéria orgânica, em constante processo de compostagem. Entre os principais materiais utilizados estão: maravalha, serragem, casca de café, casca de amendoim e palha de arroz (DAMASCENO et al., 2020). A cama é virada de 1 a 3 vezes ao dia, promovendo o processo de compostagem aeróbica. A profundidade varia de 20 a 100 cm e a área, por vaca, de 6 a 15 m² (LESO et al., 2020). No entanto, no Brasil, a profundidade inferior a 40 cm não é recomendada, e a área por vaca varia muito de acordo com a raça, produtividade, ambiente e manejo, sendo mais utilizada uma área superior a 10 m²/vaca (DAMASCENO et al. .al., 2020). O material de cama é substituído ou substituído periodicamente, dependendo de vários fatores.

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    Estudos indicaram que a Compost Barncomparado com Free Stall, tem potencial para melhorar o bem-estar. Entre os principais benefícios relatados estão: maior conforto durante o repouso, melhor saúde do aparelho locomotor e comportamento animal mais natural (LESO et al., 2020). No entanto, os benefícios potenciais são altamente dependentes de vários fatores, sendo os principais a condição da cama e a forma como ela é manuseada. Outra grande vantagem é o adubo orgânico disponível para uso nas lavouras após a troca da cama.

    Por outro lado, seu manejo, embora relativamente simples, traz consigo a necessidade de se atentar a uma série de variáveis, tais como: compactação, umidade e temperatura da cama, frequência e forma de reviravolta, reposição, densidade animal, entre outros fatores. Se você falhar nestes pontos, o benefício com Compost Barn pode se tornar um dano, com impactos negativos na produção, saúde e reprodução. O custo da troca de leitos também é um ponto de atenção, pois dependendo das variáveis, pode se tornar alto.

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    Em relação à cama, as principais características físico-químicas exigidas são: umidade, entre 40% e 60%; razão C:N, entre 25 e 30:1; baixa compactação e alta disponibilidade de oxigênio (DAMASCENO et al., 2020; Misra et al., 2003; Stentiford, 1996). A umidade pode ser medida por métodos convencionais ou simplesmente por testes manuais e visuais (DAMASCENO et al., 2020; BEWLEY et al., 2013), enquanto a análise da relação C:N pode ser realizada em laboratórios de análise de solo. O conjunto desses fatores deve manter a temperatura entre 45 e 55°C a uma profundidade de 20 a 30 cm, o que, segundo Black et al. (2013), é a faixa de temperatura ideal para promover simultaneamente secagem, sanitização e reduzir a demanda de reposição. Temperaturas acima de 55°C reduzem os microrganismos patogênicos, mas aumentam a necessidade de reposição e o risco de promover estresse térmico, uma vez que temperaturas abaixo de 45°C não são eficientes na secagem e promoção de sanitização adequada. Todos esses recursos têm a função de proporcionar uma cama com uma superfície saudável, seca e confortável. O monitoramento e diagnóstico das variáveis ​​deve ser frequente, pois afeta diretamente o bem-estar e a saúde das vacas.

    Cama de Compost Barn
    Imagem 1: Cama em mau estado
    Cama de Compost Barn
    Imagem 2: Cama em bom estado
    Cama de Compost Barn
    Imagem 3: Teste manual de umidade (esquerda); Medição de temperatura (direita)

    Após a avaliação do leito e a detecção de parâmetros fora do alvo, um ponto muito importante é tomar uma decisão com base nos resultados. Nesse sentido, algumas dúvidas podem surgir, como:

    – Para corrigir os problemas do sistema, apenas os ajustes de manuseio são suficientes?

    Em leitos com profundidade mínima de 40 cm e com relação C:N adequada, mas com alta umidade e, consequentemente, baixa disponibilidade de oxigênio e temperatura, apenas ajustes de manejo podem resolver o problema. Aumentar a frequência e a profundidade do giro tem a capacidade de aumentar a temperatura e reduzir a umidade. Preto et ai. (2013) encontraram um aumento de 10 °C em leitos que foram revolvidos duas vezes ao dia em vez de uma vez. Na mesma situação, onde os torrões estão presentes, o uso de uma enxada rotativa tem a capacidade de rompê-los e aumentar a superfície específica e a perda de umidade.

    – Quando é necessário realizar a substituição parcial do material de cama?

    Nas situações em que a relação C:N for menor que 25:1, ou a profundidade for menor que 40 cm, ou onde já houver 3 reviravoltas diárias em camadas profundas, os ajustes de manejo não serão suficientes. Nesse caso, será necessário realizar reposição, em que a quantidade e a frequência dependerão da situação atual e dos desafios impostos ao leito.

    – Quando é necessário trocar a cama?

    Se a relação C:N estiver abaixo de 15:1, recomenda-se a reposição da serapilheira (GALAMA, 2014), pois abaixo desse nível, a compostagem pode ser inibida e a reposição não será eficaz para elevar a relação para níveis desejáveis. Além disso, em ocasiões em que a umidade é muito alta, a reposição não é suficiente para reduzi-la a níveis que permitam a retomada do processo de compostagem de forma eficiente, sendo recomendado realizar a reposição. No momento da mudança, recomenda-se deixar 5 a 10% da cama para agilizar o processo de compostagem (DAMASCENO et al., 2020).

    O objetivo final no gerenciamento de lixo Compost Barn é mantê-lo com umidade e temperatura adequadas, o que garantirá os benefícios do sistema. Essas variáveis ​​são afetadas por inúmeros fatores, mas, independentemente disso, monitorar a condição e tomar uma decisão rápida e adequada é fundamental para corrigir o problema com eficiência. Outras medidas preventivas para o bom funcionamento da cama também demandam atenção, como: área por animal, sistema de ventilação artificial, qualidade do material de reposição, entre outras. A atenção a todos esses pontos reduzirá o custo de manutenção e permitirá obter o máximo retorno que o Compost Barn tem que fornecer.

    Nutrição Animal – Agroceres Multimix

    Referências

    BEWLEY, JM et al. Diretrizes para o gerenciamento de celeiros de cama de compostagem. O Conselho de Práticas de Laticínios, 2013.

    BLACK, RA et al. Manejo, desempenho e satisfação do produtor em embalagens com cama de compostagem. Journal of Dairy Science, v. 96, não. 12, pág. 8060-8074, 2013.

    DAMASCENO, Flávio Alves et al. Compost barn como alternativa à pecuária leiteira. Gulliver, 2020.

    DAMASCENO, Flávio Alves et al. Compost barn como alternativa à pecuária leiteira. Gulliver, 2020.

    GALAMA, PJ Desenvolvimento agrícola de galpões de laticínios em cama na Holanda. Wageningen UR Pecuária Research, 2014.

    LESO, L. et ai. Revisão convidada: Celeiros com cama de compostagem para vacas leiteiras. Journal of Dairy Science, v. 103, não. 2, pág. 1072-1099, 2020.

    MISRA, RV; ROY, RN; HIRAOKA, H. Métodos de compostagem na fazenda. Roma, Itália: ONU-FAO, 2003.

    SMITS, MCJ; AARNINK, Andreas Johannes Antonius. Verdamping uit ligbodems van vrijloopstallen; orienterende modelberekeningen. Animal Sciences Group, Wageningen UR, 2009.

    STENTIFORD, EI Controle de compostagem: princípios e prática. In: A ciência da compostagem. Springer, Dordrecht, 1996. p. 49-59.

    Fonte: Agro