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Cafeicultura de impacto positivo: a vida de mulheres em vulnerabilidade…

    Cafeicultura de impacto positivo a vida de mulheres em vulnerabilidade

    Uma pesquisa realizada recentemente pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) mostrou que a cada minuto no Brasil, 25 mulheres são ofendidas, agredidas física ou sexualmente. Mas se você está aqui, em um site dedicado ao agronegócio, em uma coluna especial para contar as histórias do campo, deve estar se perguntando: o que isso tem a ver com a cafeicultura? Tudo.

    Falamos diariamente que o café é uma cultura com peso social significativo. Os números também mostraram que o índice de desenvolvimento humano nas áreas onde o café está localizado é alto. E hoje, o Nas entrelinhas do Cafezal traz uma história que envolve uma cafeicultura de impacto positivo e um projeto que nasceu justamente para resgatar, ajudar e empregar mulheres em situação de vulnerabilidade.

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    Sabendo que os números citados acima traçam uma realidade há muitos anos no Brasil, Fernanda Samaia, nascida em uma família de imigrantes italianos, produtores de café, mas que optou por seguir sua vida profissional com a psicologia, encontrou na cafeicultura a oportunidade de transformar a vida dos jovens e das mulheres.

    Como tudo começou

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    Para entender como o Amor Espresso e o Selo Espresso nasceram, porém, é preciso traçar uma linha do tempo. Tudo começou em 1888, quando Ângelo Piva, tataravô da família, chegou ao Brasil aos 16 anos. Foi em 1905 que Ângelo comprou a primeira fazenda, localizada em Brotas/SP e iniciou a produção de café.

    Avançando alguns anos, foi em 1930 que Ângelo também se tornou um importante exportador de café. Os anos foram passando e a família continuou a produção, depois com Dirce Piva, filha de Angelo a partir de 1945.

    Foi em 1980 que Alberto Samaia – pai de Fernanda, ingressou na produção de café da família. Formada em Engenharia Agronômica, a família passou a se dedicar a outras culturas, como laranja, macadâmia e banana. Foi só em 2020 que Alberto decidiu retomar a produção de café e foi aí que a produção de café da família começou a ter outros fins que não os financeiros, mas renascendo com o objetivo de ser um cafezal com impacto em todos os elos produtivos.

    Para Fernanda, o desejo de ter uma ONG própria e projetos para ajudar mulheres em situação de vulnerabilidade chegou em 2019. Ela foi estudar nos Estados Unidos e em 2019 voltou ao Brasil formada em psicologia pela UCLA e com uma visão positiva de impacto socioambiental , que foi o grande motivador para o nascimento da ONG Selo Amor Espresso.

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    Juntos, pai e filha decidiram seguir o mesmo caminho: resgatar a história de produção de café da família, com cafés de alta qualidade que transformariam a vida de todos os envolvidos, do campo à xícara. Enquanto o pai se dedicava ao trabalho no campo, Fernanda fez um curso de barista com o objetivo de aprender a formar mulheres nessa mesma área, oferecendo apoio emocional, resgatando autoestima, curando traumas e reinserindo essas mulheres no mercado de trabalho por meio do café .

    “Senti a necessidade de criar um programa assim no Brasil. Percebi que existiam programas, mas ainda estavam desconectados. O trabalho da Selo Amor Espresso é proporcionar uma jornada para essas mulheres, com ajuda do começo ao fim. Com inteligência emocional aulas, trabalho focado no dia a dia. Garantindo autonomia, preparando-os para o mercado através do mundo do café”, diz Fernanda ao entre as linhas.

    Desde o início da ONG, em 2019, Fernanda formou seis grupos com 28 mulheres, fechou parcerias com cafeterias em São Paulo e, durante os três primeiros meses de trabalho, continua acompanhando a virada na vida dessas mulheres. Dos 28, 24 mulheres continuam trabalhando como baristas em São Paulo.

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    Explica também que são mulheres com idade entre 18 e 45 anos, e que são encontradas, por exemplo, em centros de acolhimento temporário, abrigos e comunidades em São Paulo. Fernanda relata que são mulheres que vivenciaram a violência das mais diversas formas e que precisam de um impulso para retornar ao mercado de trabalho.

    “São mulheres que nunca ouviram falar em café especial na vida. Por isso, durante a viagem, temos aulas de degustação para que elas entendam do início ao fim como o café pode trazer um universo de possibilidades”, diz.

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    Produção em Brotas

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    Exercendo a ESG na prática, a produção de café em Brotas também é sustentável. Fernanda conta que, juntos, pai e filha optaram por um sistema agroflorestal com plantações de macadâmia entre as ruas de café para que, além de ser sustentável no campo, o negócio da família também garantisse rentabilidade positiva.

    “Meu pai sempre foi muito aberto a novas práticas. Como retomamos a produção em 2020, ele ainda está investindo. composto e tudo isso para ser uma cultura de café com impacto positivo também na agricultura e nas finanças”, comenta.

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    Utilizando mais de uma variedade, a família em 2022 colheu a segunda safra de café arábica. E no primeiro ano, o perfil da bebida já se destacava no mercado, com pontuação acima de 80 anos na escala Specialty Coffee Association (SCA) e com um mercado promissor pela frente.

    Falando em mercado, as vendas de qualquer café Amor Espresso também estão ligadas aos projetos sociais da família. 5% do lucro vai para o projeto Selo Amor Espresso. Fernanda explica que o objetivo principal é poder resgatar mais mulheres, mas principalmente mostrar ao consumidor final que o café que ele está comprando é fruto de uma cultura cafeeira positiva e de transformação em muitas vidas.

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    A Amor Espresso conquistou recentemente mais um episódio de sucesso: o lançamento da cafeteria própria, que Fernanda abriu em parceria com o irmão Rodrigo Samaia, onde o cliente degusta o café da família preparado e servido por baristas formados na ONG Selo Amor Espresso.

    “É um sonho realizado, mas queremos continuar trabalhando. Abrir mais cafeterias para atrair mais mulheres e também crescer como produtora e exportadora, melhorar a qualidade desse café. Ajude as mulheres e ensine a esse cliente o valor que esse café especial tem”, conclui. .

    Para saber mais sobre o projeto, clique aqui



    Fonte: Noticias Agricolas