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Boi Gordo CEPEA/B3: Redução de Incerteza e Oportunismo de Mercado

    Indicador do boi gordo CEPEA/B3: instrumento consolidado de reduções de incerteza e oportunismo de mercado - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada

    Transformações na pecuária brasileira: inovação e melhoria na gestão da cadeia produtiva

    No decorrer das últimas décadas, a pecuária brasileira tem passado por uma série de transformações, tanto nos processos de produção dentro das fazendas, por meio da adoção de tecnologias inovadoras, quanto nas indústrias, que estão em constante crescimento e aprimoramento de suas práticas de administração.

    Os pecuaristas têm demonstrado cada vez mais organização e melhoria na gestão de suas propriedades, influenciados, em muitos casos, pelas exigências de mercados estrangeiros, especialmente o europeu. Diante desses desafios, tanto os frigoríficos quanto os produtores têm buscado aprimorar a organização tanto dentro como fora das fazendas, o que contribui para melhorias na produção e na comercialização. Essas melhorias têm resultado em maior eficiência e rentabilidade em toda a cadeia produtiva, proporcionando preços competitivos e adequados tanto para os produtores quanto para a indústria e os consumidores.

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    Uma das mudanças mais significativas ocorridas no ambiente da pecuária brasileira nas últimas décadas foi a criação do Indicador do boi gordo CEPEA/B3. Esse indicador foi desenvolvido com o objetivo de estabelecer um valor para a liquidação financeira de cada contrato de boi gordo negociado na antiga Bolsa de Mercadorias & Futuros (atual B3). Essa parceria entre a Bolsa e o Cepea-Esalq/USP resultou na criação de um indicador de preços de alta credibilidade, que passou a ser divulgado diariamente. Essa referência de preços é de extrema importância para o Brasil, que possui o maior rebanho comercial do mundo e é o maior exportador de carne bovina.

    Para entender o funcionamento desse indicador de preços com liquidação financeira, é necessário compreender as relações existentes entre os diferentes agentes da cadeia produtiva, desde a produção até a comercialização. Isso se baseia em pressupostos da Teoria Econômica, como a racionalidade restrita dos agentes, que agem de forma racional, mas com limitações de informações e capacidade de processá-las, levando à inclusão de salvaguardas contratuais. Além disso, há a existência do oportunismo, em que cada parte busca obter benefícios em detrimento da outra. Essas negociações também são envoltas em incertezas.

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    A incerteza é um fator relevante nas negociações de boi gordo, principalmente em relação ao preço recebido pelos produtores. Nesse sentido, o uso de um indicador de preços se mostra fundamental para reduzir essa incerteza. A análise estatística e econométrica realizada nos últimos 30 anos mostra uma relação direta e significativa entre o Indicador CEPEA/B3 e as demais regiões produtoras de boi gordo no Brasil. A transmissão dos preços desse indicador para as demais áreas é bastante eficiente, especialmente nas regiões mais organizadas e com maior posição regional.

    Esses resultados mostram claramente que o mercado de boi gordo nacional reconhece o indicador financeiro como uma referência de preços confiável. A ampla divulgação desse indicador é, portanto, de extrema importância para democratizar as informações de mercado, reduzindo assimetrias e oportunismos.

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    Sumário

    1. Introdução

    2. A importância da organização na pecuária brasileira

    2.1 Transformações na gestão das propriedades

    2.2 Desafios e processos de organização

    3. O Indicador do boi gordo CEPEA/B3

    3.1 Criação do Indicador

    3.2 Importância do Indicador no contexto brasileiro

    4. Teoria Econômica e coordenação na cadeia produtiva

    4.1 Características do uso de um Indicador

    4.2 Pressupostos básicos relacionados à Economia dos Custos de Transação

    5. Incerteza e comportamento dos agentes

    5.1 Importância do Indicador na redução da incerteza

    5.2 Relação do Indicador com as demais regiões brasileiras

    6. Conclusão

    Nas últimas décadas, a pecuária brasileira vem passando por transformações tanto dentro da porteira, com o uso de inovações tecnológicas no sistema de produção, quanto fora dela, nas indústrias, que seguem em crescimento e em processo de qualificação de sua administração.

     

    Organização e melhoramento na gestão das propriedades por parte dos pecuaristas já foram notados em um passado mais recente. Muitas vezes, pressionados por mercados externos exigentes, sobretudo o europeu, frigoríficos e produtores enfrentam alguns desafios, mas os processos de organização dentro e fora da porteira vêm contribuindo para a melhora na produção e na comercialização e, consequentemente, para a busca de eficiência e rentabilidade no conjunto da cadeia produtiva, com preços competitivos e adequados para produtores, indústria e consumidores.

     

    Desde o meio da década de 1990 e o início deste século 21, alguns fatores contribuíram para uma rápida mudança no ambiente organizacional e produtivo da pecuária, sendo um deles a criação do Indicador do boi gordo CEPEA/B3.

     

    A necessidade de se definir um valor para a liquidação financeira de cada contrato de boi gordo negociado na então Bolsa de Mercadorias & Futuros brasileira, atual B3, levou a Bolsa a firmar parceria com o Cepea-Esalq/USP, em outubro de 1993. Era preciso criar um Indicador de Preços de alta credibilidade, e a elaboração se deu a partir de intenso envolvimento de pesquisadores do Cepea com operadores de diferentes elos do mercado físico e com técnicos da Bolsa.

     

    Então, em março de 1994, o mercado passou a contar com o Indicador do Boi Gordo, que vem sendo divulgado em todos os dias comerciais de forma ininterrupta nestes últimos quase 30 anos. Em um país continental como o Brasil, que detém o maior rebanho comercial do mundo e é o maior exportador de carne bovina, ter um Indicador de preços é de extrema importância, à medida que este torna-se referência de governança mercadológica, reduzindo incerteza e custos de informações para agentes do setor.

     

    Desse modo, debruçado na Teoria Econômica, para entender um sistema de coordenação, no caso de um Indicador de preços com liquidação financeira, é necessário conhecer as relações existentes entre agentes da cadeia produtiva, desde a realização da produção até a comercialização.

     

    As características do uso de um Indicador são justificadas pela intensa relação entre agentes e a necessária coordenação de suas atividades produtivas, diante de cenários de elevada incerteza e de possibilidade de oportunismo.

     

    Para entender o comportamento dos agentes envolvidos nas transações, os pressupostos básicos relacionados à Economia dos Custos de Transação num ambiente incerto são: a) a racionalidade restrita, assumindo que os indivíduos agem racionalmente, mas de forma limitada – assim, a obtenção de informações e a capacidade de processamento dessas informações são limitadas, o que torna as relações entre agentes incompletas, levando-os a incluir salvaguardas contratuais; e b) oportunismo, em que cada parte extrai as suas respectivas “quase-rendas” (quasi-rents) da outra parte. Há também a existência de incertezas em uma negociação.

     

    Esse fator pode apresentar problemas devido às discrepâncias inesperadas das transações e às dimensões necessárias para as estruturas de monitoramento e controle. Se as estruturas forem excessivamente grandes, acabam sendo onerosas. Sendo assim, a incerteza comportamental (behavioral uncertainty), como resultado da utilização oportunista, traduz certa influência sobre as formas organizacionais para amenizar as disparidades e reduzir os custos de transação.

     

    A incerteza num ambiente de negociação de boi gordo torna-se importante para apresentar o comportamento do produtor e da indústria. O principal fator de incerteza nessa relação é o preço recebido pelos produtores. Nesse sentido, o uso de um Indicador de preços se torna importante para diminuir essa incerteza.

     

    Nesses últimos 30 anos, em várias análises estatísticas e econométricas, entre elas de transmissão de preços, nota-se relação direta e significativa entre o Indicador CEPEA/B3 (que tem como base o estado de São Paulo) e as demais 28 regiões espalhadas em 11 estados brasileiros.

     

    Tais análises apontam que a transmissão do Indicador para as demais praças tem intensidade bem próxima de 1. Fica evidente que, quanto mais organizadas as localidades e sua posição regional, maior é a intensidade de transmissão de preço. A intensidade nos coeficientes de elasticidade de transmissão observada do Indicador para as regiões mostra que, no máximo no período de três dias, a região incorpora as variações do Indicador.

     

    Isso sinaliza que o mercado de boi gordo nacional assimilou a ideia de um Indicador financeiro como referencial de preços, reduzindo incerteza e custos de informações para os agentes do setor de outras localidades em sua tomada de decisão. A ampla divulgação do Indicador é, assim, de suma importância para democratizar as informações mercado, reduzindo suas assimetrias e o espaço para o oportunismo.

     

    Nas últimas décadas, tem havido transformações significativas na pecuária brasileira, tanto dentro como fora da fazenda. Os pecuaristas têm melhorado a gestão de suas propriedades, buscando maior eficiência e rentabilidade. Essa melhoria é resultado da pressão exercida por mercados externos exigentes, como o europeu, e também das inovações tecnológicas implementadas no sistema de produção. Além disso, as indústrias de carne bovina têm passado por um processo de qualificação na administração, contribuindo para a evolução do setor como um todo.

    Uma das mudanças mais significativas ocorreu na década de 1990, com a criação do Indicador do boi gordo CEPEA/B3. Esse Indicador foi desenvolvido pela Bolsa de Mercadorias & Futuros brasileira em parceria com o Cepea-Esalq/USP, com o objetivo de estabelecer um valor para a liquidação financeira de contratos de boi gordo. Sendo o Brasil um país com o maior rebanho comercial do mundo e o maior exportador de carne bovina, ter um Indicador de preços é fundamental para garantir a governança no mercado e reduzir a incerteza e os custos de informação para os agentes do setor.

    Para entender a importância desse Indicador, é necessário compreender as relações existentes entre os diferentes agentes da cadeia produtiva, desde a produção até a comercialização. A Economia dos Custos de Transação, que considera a racionalidade restrita dos indivíduos e a possibilidade de oportunismo nas transações, explica como o Indicador auxilia na coordenação das atividades produtivas. Ao reduzir a incerteza comportamental e os custos de transação, o Indicador permite uma negociação mais eficiente entre produtores e indústria.

    Ao longo dos últimos 30 anos, diversas análises estatísticas têm mostrado uma relação direta entre o Indicador CEPEA/B3 e as diferentes regiões do Brasil. Essas análises indicam que a transmissão do Indicador para as diferentes regiões tem uma intensidade próxima de 1, ou seja, as variações do Indicador são rapidamente incorporadas pelos mercados regionais. Isso mostra que o mercado de boi gordo nacional reconhece o Indicador como uma referência de preços confiável, o que reduz a incerteza e os custos de informação para os agentes de outras regiões.

    A ampla divulgação do Indicador é de suma importância para democratizar as informações de mercado, reduzindo assimetrias e o espaço para o oportunismo. Com o Indicador, os produtores e indústrias de carne bovina têm acesso a informações atualizadas e confiáveis sobre os preços, o que possibilita uma tomada de decisão mais assertiva. Além disso, o Indicador contribui para aumentar a competitividade do setor, ao garantir preços adequados tanto para os produtores quanto para a indústria e os consumidores.

    Em resumo, a pecuária brasileira tem passado por transformações importantes nas últimas décadas, que têm contribuído para a melhoria da gestão das propriedades e o aumento da eficiência e rentabilidade do setor. O Indicador do boi gordo CEPEA/B3 desempenha um papel fundamental nesse processo, ao fornecer um referencial de preços confiável e reduzir a incerteza e os custos de informação para os agentes do setor. Com uma ampla divulgação e adoção do Indicador, é possível fortalecer ainda mais o mercado de carne bovina no Brasil e continuar impulsionando o crescimento do setor.

    Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

    Conclusão

    A criação do Indicador do boi gordo CEPEA/B3 foi um marco importante para a pecuária brasileira. Ao fornecer um valor de referência para o mercado, o indicador contribuiu para a organização e melhoramento na gestão das propriedades, além de reduzir a incerteza e os custos de informação para os agentes da cadeia produtiva. Ao longo dos anos, as análises estatísticas têm mostrado uma relação direta e significativa entre o Indicador CEPEA/B3 e as demais regiões do país, demonstrando a intensidade de transmissão de preços. Assim, a ampla divulgação do Indicador é fundamental para democratizar as informações do mercado e promover um setor mais eficiente e rentável.

    Perguntas e Respostas

    1. Qual é a importância do Indicador do boi gordo CEPEA/B3 para a pecuária brasileira?

    O Indicador do boi gordo CEPEA/B3 é importante porque fornece um valor de referência para o mercado, reduzindo a incerteza e os custos de informação para os agentes da cadeia produtiva.

    2. Quando foi criado o Indicador do boi gordo CEPEA/B3?

    O Indicador do boi gordo CEPEA/B3 foi criado em março de 1994.

    3. Como é realizada a transmissão de preços do Indicador CEPEA/B3 para as demais regiões?

    A transmissão de preços do Indicador CEPEA/B3 para as demais regiões é realizada de forma direta e significativa, com a intensidade de transmissão de preço sendo próxima de 1.

    4. Qual é o objetivo da ampla divulgação do Indicador do boi gordo CEPEA/B3?

    O objetivo da ampla divulgação do Indicador do boi gordo CEPEA/B3 é democratizar as informações do mercado, reduzindo assimetrias e o espaço para o oportunismo.

    5. O que as análises estatísticas têm mostrado em relação ao Indicador CEPEA/B3?

    As análises estatísticas têm mostrado uma relação direta e significativa entre o Indicador CEPEA/B3 e as demais regiões do país, demonstrando a intensidade de transmissão de preços.

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