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Reuters: Campos Neto nega ter proposto aumento da meta de inflação e defende…

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Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) – O Banco Central não propôs ao governo um aumento da meta de inflação para ganhar flexibilidade na política monetária, mas tem sugestões para aprimorar o mecanismo, disse nesta segunda-feira o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, defendendo também uma aproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem vem recebendo uma série de críticas.

“Acho importante dizer que não estudamos a mudança de metas. Não entendemos que a meta é um instrumento de política monetária, (mas) há, obviamente, melhorias a serem feitas”, disse Campos Neto no Roda O programa Viva quando questionado teria proposto aumentar a meta, sem detalhar essas melhorias.

“Em nenhum momento defendemos simplesmente aumentar a meta para ganhar flexibilidade, até porque não é nossa convicção”, acrescentou, lembrando que cabe ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, encaminhar eventuais propostas de mudanças a norma ao Conselho Monetário Nacional.

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Em meio às sucessivas críticas de Lula à atuação da autoridade monetária e ao nível de juros no país, Campos Neto disse entender a pressa do presidente, mas defendeu que reduções na taxa Selic só surtem efeito prático sobre os juros do país se as decisões forem credível .

“O Banco Central não gosta de juros altos, é óbvio que queremos fazer o possível para ter juros baixos, para ter um crescimento sustentável”, disse, acrescentando que a agenda da autarquia é muito voltada para o social.

“Acreditamos que é possível fazer imposto junto com a previdência, mas acreditamos que é muito difícil ter previdência com inflação descontrolada”.

Convidado do programa da TV Cultura, o presidente do BC afirmou, em entrevista gravada, que tem conversado com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e argumentou que é importante reconhecer a boa vontade e o esforço fiscal do governo Lula . Para ele, porém, não é razoável esperar a chegada do novo governo e “fazer um mega ajuste nos gastos”.

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Segundo o presidente do BC, se ficar mais claro qual será o quadro fiscal do governo e as reformas avançarem, é possível que o país volte “em breve” ao cenário do final do ano passado, quando a autarquia previu que seria possível reduzir a taxa básica de juros a partir de meados de 2023 e atingir as metas.

Lula intensificou nas últimas semanas sua artilharia contra o Banco Central e a condução da política monetária. Em declarações à parte, ele classificou a autonomia formal do banco como “bobagem”, criticou o alto nível dos juros básicos do país, atualmente em 13,75% ao ano, e reclamou do nível da meta de inflação, argumentando que a meta muito baixa força um aperto na economia.

O movimento abriu especulações sobre o interesse do governo, e a abertura do próprio Campos Neto, em elevar as metas com o objetivo de facilitar um afrouxamento da política monetária, gerando uma menor compressão da atividade.

Na entrevista, o presidente do BC afirmou estar alinhado com o grupo de economistas que acredita que um simples afrouxamento das metas de inflação geraria o efeito contrário, aumentando os riscos, enfraquecendo ainda mais as expectativas e forçando um aperto na política monetária.

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O CMN, formado por Haddad, Campos Neto e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, é responsável por definir as metas de inflação. O conselho terá sua primeira reunião no governo Lula na quinta-feira.

EU ACONO A LULA

Instigado a deixar um recado para Lula, Campos Neto disse que gostaria de ter mais encontros com o presidente, explicar a política de juros do BC e por que o país tem juros altos, além de outras iniciativas.

“É importante trabalharmos juntos, gostaria de ter mais tempo para explicar a agenda do Banco Central, principalmente a agenda social”, disse. “O BC precisa trabalhar com o governo e o ambiente colaborativo é o melhor ambiente para a sociedade”, afirmou.

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Os recentes ataques de Lula ao BC estimularam discursos no mesmo sentido de ministros do governo e parlamentares aliados. A Diretoria Nacional do PT decidiu nesta segunda-feira apoiar a convocação de Campos Neto ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre a política monetária.

Questionado sobre a iniciativa, o presidente do BC disse que faz parte de sua função prestar esclarecimentos ao Legislativo, acrescentando que se colocou à disposição para comparecer perante comissões do Congresso.

As críticas de Lula também levantaram dúvidas sobre as próximas indicações para diretores do Banco Central. O presidente da República continua responsável pela escolha dos nomes, que devem passar por análise e aprovação do Senado.

No final de fevereiro terminam os mandatos dos diretores de Política Monetária, Bruno Serra, e de Fiscalização, Paulo Souza. Após afirmar que quer estar sempre mais próximo do governo, Campos Neto disse que a prerrogativa de escolher os dirigentes é de Lula, mas se disse disponível para ajudar e dar sugestões. Ele destacou que um BC independente naturalmente se tornará mais diversificado ao longo do tempo, com maior divergência entre os diretores.

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Sobre possíveis pressões para que ele deixe o cargo, o presidente do BC disse que sua permanência é para deixar claro que a instituição autônoma é um ganho para a sociedade.

“Meu número é irrelevante”, disse, defendendo que as decisões do BC são técnicas e não mudariam se ele deixasse o cargo.

Na entrevista, Campos Neto afirmou ainda que o BC está acompanhando o problema financeiro das Lojas Americanas, mantendo contato com os bancos e acompanhando a evolução dos dados de crédito. Ele disse que o caso tem pouco impacto no sistema de crédito e não é um problema estrutural.

O presidente do BC também defendeu uma mudança na legislação sobre a comercialização do ouro no país para aumentar a transparência dos negócios, em meio a questionamentos sobre o comércio ilegal do produto no país.



Fonte: Noticias Agricolas

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