Western Pleasure Association abre temporada de 2023

Motivadas por competidores experientes, crianças se apegam ao esporte

Além de proporcionar um conhecimento aprofundado da equitação, a modalidade é uma ótima porta de entrada para a prática de outros esportes equestres. Esse é o Western Pleasure, bastante difundido nos Estados Unidos, mas com poucos praticantes no Brasil.

Para se ter uma ideia, são mais de 200 inscrições por prova. Este fato se deve aos benefícios que o esporte proporciona aos seus praticantes, seja o cavaleiro ou o cavalo. A modalidade tem origem no velho oeste, época em que grandes distâncias eram percorridas a cavalo.

Para que o cavaleiro e o animal resistissem a essas longas jornadas, os criadores passaram a selecionar cavalos com boa movimentação ao trote, ou seja, lisos. Assim, notou-se a importância da formação de conjuntos harmônicos no tempo. O modo nasceu.

Quem pratica aqui no Brasil é apaixonado por tudo que envolve o Prazer. Principalmente o prazer de pedalar. Outro fato que pesa a favor da modalidade é o reforço para uma melhora da postura durante a cavalgada. Algo que pode ser útil em qualquer momento da vida do cavaleiro.

Há mais ou menos dois anos, Kiki Benevides e Letícia Farina Cândido se uniram em busca de fortalecer o Western Pleasure no Brasil. “É uma modalidade linda, que sempre teve muitos adeptos, mas estava ‘adormecida’. Kiki foi um dos únicos que se manteve firme e forte, competindo e fazendo de tudo para levantar o esporte. Há alguns anos comecei a competir também. Aí veio o Gabriel Claro”, conta Letícia.

Por estarem sempre juntos nas corridas, os três se uniram ainda mais para buscar uma solução para não deixar o esporte ‘morrer’. E o que seria melhor do que incentivar as crianças a conhecer, praticar e se apaixonar pelo Prazer?

Para quem nunca viu uma corrida, nesta modalidade os participantes competem juntos. Eles percorrem o perímetro da arena a passo, depois a trote e, finalmente, a galope. A pedido do juiz de prova, os pilotos devem segurar as rédeas apenas com uma mão e as mãos não podem ser trocadas durante a corrida. O cavaleiro não pode tocar a sela ou o cavalo com a mão livre durante o percurso.

Em seguida, para cada categoria, todos os inscritos inscrevem-se juntos e realizam a prova conforme descrito acima. Esse é um fator, lembra Letícia, que dificulta cada cavaleiro que treina trabalhar com mais de um cavalo. Então, qual é a solução?

“Uma das alternativas que vimos foi colocar crianças para competir em nossos cavalos nas categorias Jovem e Jovem Iniciante. Além de aumentar o número de inscrições na modalidade, tornou-se uma forma de incentivo para essa nova geração”. E tem funcionado. De 2017 para 2018, houve um aumento de 70% nas inscrições para o Congresso da ABQM, por exemplo.

As opções disponíveis hoje para o Prazer do Oeste se limitam às provas da ABQM – Congresso, Nacional, Copa dos Campeões e Potro do Futuro -, além das provas do Núcleo Anhanguera. Mas Letícia reforça que com esse crescimento estão buscando mais parceiros e patrocinadores para que seja possível fazer mais provas regionais.

Valentina Cipolla Lunardini e seu irmão Octavio estão entre as crianças que se dedicaram ao esporte. “Em 2016, meu irmão participou do Western Pleasure pela primeira vez. Nesse dia conheci a modalidade, com movimentos suaves e elegantes. Este ano, recebi um convite da Letícia para montar uma de suas éguas no Congresso da ABQM”, lembra Valentina.

Ela conta que ficou muito feliz com o convite, mas um pouco nervosa. “Nunca tinha feito esta modalidade antes, mas correu tudo bem e fiquei em segundo lugar. Mais uma vez, a Letícia me chamou para o Nacional, me emprestando outro cavalo. Novamente fui segundo e venci o Castrado. E gostei muito de competir nessa modalidade, pois além de lindo me ajudou muito na postura e controle do cavalo”.

Para Octavio, como diz o nome do esporte, é um grande prazer começar a correr. “Western é uma modalidade muito elegante, com movimentos suaves e controle animal. Você já deve saber andar a cavalo para se apresentar no Western Pleasure. A primeira vez foi em 2016, com meu cavalo de rédeas”, conta, reforçando que já se apaixonou pelo esporte.

Este ano, Letícia e Gabriel Claro, que é o treinador de Kyara Dun It, o convidaram para competir no Congresso da ABQM e no Campeonato Nacional da ABQM com esta égua. “Chegamos ao lugar mais alto do pódio, o primeiro lugar. A égua é simplesmente excelente e muito focada no que faz, facilitando muito as apresentações. Quero muito continuar treinando e me aprimorando nessa modalidade”.

Aos oito anos, Sophia Oliveira Teixeira considera-se uma iniciante no hipismo. Ela apenas treinou Rédeas, até que Kiki a convidou para o Pleasure. “Eu não sabia de nada e estava com medo. Eu também não conhecia a égua. Mas Kiki me deu a maior segurança. Treinei em casa, com meu cavalo de rédeas. Antes da prova em Londrina, treinamos até tarde. Queria deixar bonito”, conta a pequena.

Ela deixou a pista segurando as lágrimas. “Fiquei muito emocionado depois da corrida. Apresentei Naja Moon e ficamos em quarto lugar. Kiki me ensinou bem. Só pude abraçar minha mãe e chorar de alegria. Quando quase consegui me acalmar, soube que havia me classificado para a Copa dos Campeões. Agora não quero mais fazer apenas Reins, quero continuar no Western Pleasure também”.

Que Kiki Benevides, Letícia Farina Cândido e Gabriel Claro continuem firmes e fortes nessa jornada. “Começamos a incentivar as crianças e ficaremos muito felizes que mais pessoas, sejam elas adultos ou crianças, ingressem na modalidade!!!”, finaliza Letícia.

Por Luciana Omena
Fotos: fornecidas