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Vacas Gordas e Vacas Magras Fim da Era da Abundância

    calor vaca seca

    No texto bíblico das vacas magras, José interpreta o sonho do Faraó como um prenúncio de um período difícil para o Egito, onde sete anos de abundância seriam seguidos por sete anos de dificuldades.

    Vemos neste texto uma boa analogia com o momento atual da economia global.

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    No nosso sonho, o mundo atravessou um período de enorme prosperidade durante duas décadas, impulsionado principalmente por três fatores:

    • I. A energia barata do carvão na China e o petróleo de xisto nos Estados Unidos;
    • II. Mão-de-obra barata e abundante da China e de outros países asiáticos;
    • III. Financiamento barato com taxas de juro baixas, como consequência da inflação controlada por energia e mão-de-obra baratas.

    Estas foram as vacas gordas da fábula.

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    E durante mais de vinte anos, desde a inclusão da China na Organização Mundial do Comércio, temos vivido este sonho da motocicleta contínua de uma economia com infinitas possibilidades, produtos baratos e inflação contida.

    Neste processo, os investimentos asiáticos em infra-estruturas, construção e exportações encontraram consumidores e fornecedores do outro lado do planeta, e o processo foi também alimentado pelo crescimento do mercado de consumo asiático.

    No entanto, como no sonho do Faraó, no horizonte aparecem as vacas magras que devoram a abundância.

    • I. A falta de investimento em fontes de energia, ilustrada pela subida dos preços do petróleo, carvão e gás natural em períodos recentes, faz com que os custos comecem a aumentar ao longo de toda a cadeia económica.
    • II. As crises geopolíticas, por exemplo entre a China e os Estados Unidos, fazem com que as cadeias de produção globalizadas comecem a ser nacionalizadas ou duplicadas, como no exemplo recente da indústria de semicondutores.
    • III. Com o aumento dos custos de energia e mão-de-obra, a capacidade de fornecimento da economia global está a mostrar os seus limites, gerando inflação e aumentando os custos financeiros em todo o planeta.

    Neste novo paradigma, que deverá estar presente nos próximos anos sem solução fácil, temos dificuldade em identificar quais serão as novas vias de crescimento sustentável para a economia global.

    Nesta carta, estamos a cobrir mais detalhadamente três fatores que consideramos muito importantes como determinantes do nível de crescimento no mundo ao longo dos próximos meses e anos:

    Uma Europa sem vias claras para o crescimento, com um impasse político constante, e com um défice energético difícil de resolver


    Uma China com um mercado de construção sobredimensionado e com dificuldades em mudar para produtos com maior valor acrescentado na sua cadeia de produção (por exemplo, semicondutores)

    Um mundo ainda baseado em combustíveis fósseis onde não só o petróleo, mas também o gás e o carvão se mostram como limitadores do crescimento sem inflação.


    A EUROPA:

    Quando as luzes se apagam em Berlim
    Na Segunda Guerra Mundial, uma das batalhas mais importantes foi travada no Norte de África: El Alamein.

    O objetivo era simples: manter a rota britânica de importação de petróleo, permitindo à máquina de guerra britânica o acesso ao petróleo necessário do Médio Oriente através do Mediterrâneo.

    A vitória no Norte de África foi tão importante para os Aliados que Churchill proferiu a famosa frase: “Isto não é o fim, nem sequer é o princípio do fim, mas é o fim do princípio”, denotando a viragem da maré da guerra em favor dos Aliados pela primeira vez desde o início do conflito.

    Estalinegrado, outra importante batalha travada pela Alemanha nazi contra os russos, denota também a importância do acesso às fontes de energia para a economia europeia: a vitória russa negou o acesso nazi aos poços de petróleo do Cáucaso.

    No nosso moderno conflito geopolítico, esta lição parece ter sido aprendida por Vladmir Putin: a Europa é um continente deficitário em energia e necessita de importações de petróleo, carvão e gás natural para manter a sua máquina económica a funcionar.

    A consequência das limitações do Kremlin às importações de energia tem sido um aumento contínuo do preço do gás natural e do carvão na Europa, de modo que o custo da eletricidade é agora quase 10 vezes superior ao de há um ano atrás.

    Subidas de preços desta magnitude não podem ser facilmente absorvidas pelo sistema, e com os russos a cortarem o fornecimento de gás podemos ver em breve o racionamento e a interrupção das partes da cadeia de produção dependentes do gás, como no caso da indústria química e da produção de alumínio.

    Não vemos uma solução fácil para a economia europeia, que como consequência está a viver um cenário clássico de estagflação, com índices de preços a apresentarem aumentos de mais de 10%.

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