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Salário de R$ 12 mil e apenas 18% das vagas ocupadas: 6 profissões promissoras na agricultura digital

    Salario de R 12 mil e apenas 18 das vagas

    Foto: Divulgação/Mapa

    O investimento em agricultura digital chegará ao patamar de US$ 8,33 bilhões até 2026. Esses dados, fornecidos por estudo da 360 Research & Reports, apontam um crescimento de 183% para o setor. Mesmo assim, o setor enfrenta um obstáculo: a falta de profissionais qualificados.

    De acordo com “Profissões emergentes na era digital: oportunidades e desafios na qualificação profissional para uma recuperação verde”, 178.800 empregos serão criados na agricultura digital nos próximos dois anos. No entanto, a projeção é de que apenas 18% delas sejam preenchidas.

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    84% dos agricultores brasileiros usam agricultura digital

    Essa não é uma questão relacionada à falta de digitalização da lavoura. Segundo pesquisa do Sebrae e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 84% dos agricultores brasileiros já são adeptos da agricultura digital. Ou seja, esse gargalo reside apenas no aspecto humano.

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    “Hoje, o produtor precisa entender de tecnologia, software e hardware, para unir isso à sua produção”, explica Heli Heros Teodoro de Assunção, técnico do Departamento Técnico (Detec) do Sistema FAEP/SENAR-PR.

    Segundo ele, a alta demanda está fazendo com que os profissionais de tecnologia migrem para o agronegócio. “Essa multidisciplinaridade será, cada vez mais, uma constante no setor rural”, acrescenta.

    O que é agricultura digital e quando ela chegou ao Brasil?

    Com a criação da Agricultura 4.0 no início dos anos 2000, generalizou-se o uso de softwares e plataformas digitais na produção agrícola 一 gerando uma ampla gama de dados que podem ser utilizados na tomada de decisões estratégicas.

    Na agronomia, são todas as informações que podem ser utilizadas para aumentar a produtividade, trazer maior previsibilidade e reduzir custos. Desta forma, sua extração, coleta, cruzamento e tratamento de dados oferece insights valiosos para produtores 一 seja análise histórica ou preditiva.

    O professor Antônio Luís Santi, da Universidade Federal de Santa Maria (RS), diz que o foco na qualidade é fundamental para o uso da tecnologia na produção de milho. “O importante não é a quantidade de dados, mas o que fazemos com a informação que realmente importa”, explica.

    Nesse contexto, a chegada do Big Data no agronegócio trouxe a capacidade de armazenar e processar grandes volumes de dados. É uma ferramenta que combina Inteligência Artificial, Machine Learning e algoritmos para realizar análises de dados 一 facilitando o trabalho dos cientistas de dados. Não à toa, o investimento em dados é uma tendência mundial e cresceu 50% 一, segundo pesquisa da International Data Corporation (IDC).

    Segundo o estudo Guia do Milho, realizado pela Climate Fieldview, os principais benefícios da cultura orientada por dados são a redução de desperdícios e custos de produção, auxiliando na precificação do grão. Além disso, o uso de dados climáticos permite que os produtores manejem a colheita com mais eficiência 一 otimizando o uso de máquinas automatizadas.

    Quais são as 6 principais carreiras na agricultura digital?

    O agronegócio corresponde a 24,8% do PIB brasileiro e, segundo o Itaú BBA, tem previsão de crescer 10,1% em 2023. Com a digitalização da produção agrícola, profissionais podem ganhar até R$ 12 mil, trabalhar de casa e beneficiar de várias oportunidades.

    Entre os produtores de milho, por exemplo, 43,8% dos produtores não encontram profissionais qualificados 一 o que também explica o aumento dos salários de quem preenche essas vagas.

    As principais profissões na agricultura digital são:

    Engenheiro Agrônomo Digital

    Esse profissional precisa conhecer engenharia agronômica e soluções digitais 一 adaptando assim a lavoura à agricultura 4.0. Outros conhecimentos necessários são análise de dados, topografia e todo o processo da cultura com a qual irá trabalhar.

    Técnico em Agronegócio Digital

    Semelhante ao anterior, este profissional utiliza as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) para contemplar todos os elementos necessários para o sucesso do grão. Habilidades cruciais são gerenciamento de dados, programação e análise.

    Cientista de Dados Agrícolas

    A análise de dados está em alta em todos os segmentos e na agricultura não poderia ser diferente. O cientista de dados precisa entender de estatística, programação, software, plantio e geoprocessamento.

    Engenheiro de Automação Agrícola

    Esse profissional precisa se especializar na parte de automação. Entre as principais qualificações estão trabalho remoto, processos agrícolas, conectividade e operação de tecnologias para automação agrícola.

    Projetista de Máquinas Agrícolas

    Esse profissional é responsável pelo desenvolvimento de maquinários que possam fazer a produção seguir a agenda ESG e, para isso, precisa ter habilidades para desenvolvimento de produtos, design e sustentabilidade.

    Precisa desenvolver máquinas que sigam padrões de sustentabilidade ambiental, econômica e social. É preciso ter conhecimento e treinamento em áreas como desenvolvimento de produtos; tecnologias de digitalização; projeto e sustentabilidade.

    operador de drone

    A utilização de aeronaves não tripuladas é fundamental para o monitoramento agrícola, auxiliando na coleta de dados e no enfrentamento de situações adversas. Portanto, o operador de drone deve saber voar com segurança e ter conhecimentos de aviação para fazê-lo com segurança.

    Como estudar para trabalhar na agricultura digital?

    Não é só falta de profissionais qualificados: faltam também cursos profissionalizantes para quem quer trabalhar na agricultura digital. Segundo a Climate Fieldview, 18,8% dos produtores de milho até querem pagar cursos de capacitação para seus funcionários, mas esbarram na baixa oferta de instituições de ensino reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC).

    Portanto, quem quiser ingressar na área precisará buscar cursos relacionados 一 seja para o uso de agricultura de precisão ou TICs. Segundo Fernando Reis, CEO da Agro Advance, isso se deve ao fato de que o mercado teve que se adaptar rapidamente ao crescimento da agricultura digital. “Há muitas universidades que foram montadas às pressas porque havia muita demanda e não se preocupavam tanto com a qualidade técnica oferecida pela formação”, explica o agrônomo.

    Cursos gratuitos em plataformas de cursos online também são opções que agregam conhecimento, embora não sejam reconhecidos pelo MEC. Isso pode ser um entrave na contratação, apesar da possibilidade de comprovação da qualificação por meio de testes para quebrar essa barreira.

    Instituições como Fundação Getúlio Vargas (FGV), PUC-Campinas, Universidade La Salle de Lucas do Rio Verde e Universidade Federal de Santa Maria já oferecem cursos de pós-graduação em agricultura digital.

    Com investimento em torno de R$ 10 mil, são opções para quem quer seguir essa promissora carreira 一 e resolver o problema da mão de obra qualificada em um dos setores mais importantes da economia.

    Fonte: Agro