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Quanta soja a América do Sul entregará ao mundo na safra?

Com a China atravessando o feriado da Golden Week – ou golden week – e deixando a demanda global mais tímida pelo menos até 10 de outubro, as notícias do lado da oferta global de soja ficam ainda mais evidentes e, na análise de Ginaldo Sousa, diretor-geral da Grupo Labhoro, será o clima na América do Sul e o andamento das novas safras aqui um dos principais responsáveis ​​pela definição dos preços daqui para frente.

Há, é claro, outros fatores importantes e indiscutivelmente necessários para um monitoramento constante – como o novo relatório mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de 12 de outubro -, porém, todos os olhos do mercado estão atentos ao volume que chegará da oleaginosa sul-americana para o mundo, após as fortes perdas da safra 2021/22 e uma produção nos EUA que chega bem abaixo do esperado inicialmente para a safra 2022/23.

Sousa diz que será preciso entender a configuração efetiva de um novo La Niña e, mais do que isso, lembrar que nos últimos anos o fenômeno climático atingiu uma área mais extensa. “Todo ano mostra que o La Niña está avançando, pegando Goiás no ano passado, por exemplo. Podemos dizer que [em anos de La Niña]as áreas ‘áridas’ estão se expandindo”.

Assim, será necessário monitorar como estarão as condições entre o final de novembro e o início de dezembro, inclusive na Argentina. “A reação pode ser maior do que o esperado”, diz ele.

O boletim diário do Commodity Weather Group desta terça-feira (4) mostrou que os próximos cinco dias devem ser de precipitação média na maioria das regiões produtoras, com regiões específicas de preocupação, onde a precipitação chega em excesso – ponto em verde no primeiro mapa – ou menos do que o necessário – pontos em marrom.

No período de 9 a 13 de outubro – conforme mapa -, a área onde prevalece um padrão mais seco é um pouco maior, enquanto estados como Paraná e Santa Catarina podem receber melhores volumes. O Rio Grande do Sul, no entanto, ainda deve continuar com chuvas abaixo da média neste intervalo.

De 14 a 18 de outubro, as chuvas mais escassas podem ser mostradas para todo o Rio Grande do Sul, partes de Santa Catarina e Paraná, além do estado de Mato Grosso do Sul e Bahia, conforme mostra o terceiro mapa.

Mapas do CWG (2)
Mapas: Grupo climático de commodities

E para os três períodos, as condições climáticas na Argentina também são uma preocupação. “Devemos torcer para que a Argentina não tenha grandes problemas. Já temos uma inflação muito alta e precisamos aumentar a oferta de alimentos”, explica o diretor do Grupo Labhoro. Além das questões climáticas, o produtor argentino deve continuar enfrentando as duras questões cambiais e tributárias em seu país, o que pode até limitar um possível aumento de área nesta temporada.

É também por isso que Sousa diz que o clima na América do Sul será decisivo para entender a direção dos preços daqui para frente. O mundo precisa de colheitas saudáveis ​​do Brasil, da Argentina, do Paraguai para, ao menos, iniciar um movimento de equilíbrio nas relações globais de oferta e demanda.

Afinal, o USDA, na próxima semana, poderá revisar para baixo suas estimativas de produtividade no caso da soja, já que o Drought Monitor – o monitor americano da seca – mostrou que o cenário climático em vários estados piorou consideravelmente entre o final de agosto e o curso de setembro e pode ter tirado ainda mais o potencial produtivo da soja norte-americana.

“O USDA tem que ajustar sua produtividade e com isso os estoques finais podem cair um pouco mais”, diz.

O analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez compartilha da opinião de Ginaldo de Sousa. “No que diz respeito ao cenário de oferta e demanda, fica claro que ainda podemos ter algumas mudanças na produção americana e, consequentemente, nos estoques. Fomos muito surpreendidos pelo USDA este ano e acredito que podemos continuar sendo”, afirmou. diz, chamando a atenção para a conclusão do desenvolvimento de algumas lavouras e para o andamento da colheita.

“Chicago, em relação à safra americana, tem um intervalo entre US$ 13,00 e US$ 14,00”, diz Gutierrez. E então, os olhos se voltaram para a América do Sul. “O clima está ajudando, o plantio está indo bem, o clima é regular – principalmente no sul do país, onde ainda há umidade no solo. As perspectivas iniciais para a safra brasileira são muito positivas, muito promissoras, e isso pode pesar mais tarde.” Se não virmos falta de chuva nas próximas quatro, seis semanas, isso pode pesar em Chicago, porque o potencial produtivo é muito alto, acima de 150 milhões de toneladas”, detalha.

Da mesma forma, porém, também fala da necessidade de monitoramento constante da La Niña e dos impactos que ela pode ter nos campos sul-americanos.

Para o analista, sem grandes contratempos na nova safra e com safra plena no Brasil, os preços futuros da soja na Bolsa de Chicago podem testar patamares abaixo de US$ 13,00 por bushel, podendo chegar a US$ 12,00. “Neste momento, com o cenário atual, sem prever uma quebra, acredito que essa seja a tendência”, diz.

Nesta terça-feira, os futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago conseguiram sustentar mais uma sessão de ganhos que variaram de 9,50 a 11 pontos nos principais contratos, porém, com os vencimentos mais próximos ainda abaixo de US$ 14,00 mensais. bushel, com novembro cotado a US$ 13,83. Maio – referência para a safra brasileira – encerrou o dia com US$ 14,10 – ainda de olho no início dos trabalhos de campo aqui, porém, de olho de águia nos plantadores brasileiros.

Parte do suporte veio do dólar ainda em queda frente ao real, fechando o dia com R$ 5,17 e perda de 0,11%. Ao longo do dia, o mercado cambial até testou alguma alta, no entanto, logo perdeu força.

 

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