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Preços do trigo em Chicago caíram durante a semana

    Precos do trigo em Chicago cairam durante a semana

    Os preços do trigo em Chicago caíram durante a semana. No primeiro mês cotado, o bushel caiu para US$ 8,58. Depois se recuperou, fechando a quinta-feira (29) em US$ 8,96, contra US$ 9,10 da semana anterior. As novas tensões na Europa Oriental, com consequências cada vez mais claras para a oferta de energia na Europa Ocidental, além de uma recessão global que se avizinha, acabam deixando o mercado de trigo, em particular, muito volátil.

    Paralelamente, o plantio de trigo de inverno, nos EUA, até 25/09, foi estabelecido em 31% da área prevista, contra 30% na média histórica e 32% um ano antes, na mesma data. Cerca de 9% dessa área semeada já havia emergido trigo. Por sua vez, o trigo de primavera representou 96% da área colhida, contra 97% na média histórica.

    Do lado do comércio exterior, os EUA embarcaram 520.464 toneladas de trigo, volume dentro das expectativas do mercado. Assim, os embarques do atual ano comercial, iniciado em 1º de junho, já atingiram 7,78 milhões de toneladas, 4% abaixo do mesmo período do ano anterior.

    Especificamente na Ucrânia devastada pela guerra, os produtores conseguiram até agora plantar 622.000 hectares de trigo de inverno para a nova safra, ou seja, apenas 16% da área planejada. A área local pode cair para 3,8 milhões de hectares, contra 4,6 milhões um ano antes, devido à invasão russa. Alguns analistas privados ucranianos falam de 3,4 milhões de hectares, ou seja, ainda 10,5% menos do que o projeto das autoridades locais. Tendo em conta que a Ucrânia semeou mais de 6 milhões de hectares de trigo de inverno para a colheita de 2022, no entanto, uma grande área foi ocupada pelas forças russas desde a invasão em fevereiro. E desta safra de 2022, foram colhidas 19 milhões de toneladas de trigo, contra 32,2 milhões na safra anterior (antes da guerra). E a projeção de safra para 2023, dada a guerra e a redução de área, pode voltar para algo entre 16 e 18 milhões de toneladas de cereais.

    Na União Europeia, as exportações de trigo mole, no ano 2022/23, iniciadas em 1º de julho para fins deste produto, totalizaram 8,8 milhões de toneladas até 25/09, contra 8,75 milhões no mesmo período de 2021/22. A França continua sendo o principal exportador de trigo da União, acumulando 3,36 milhões de toneladas no período, ou seja, 38,2% do total exportado pelo bloco no período. Em seguida vem a Romênia, com 1,38 milhão de toneladas, a Alemanha com 913.000 toneladas, a Bulgária com 881.000 toneladas e a Polônia com 851.000 toneladas.

    E aqui no Brasil os preços do trigo se estabilizaram, com viés baixista. A média do Rio Grande do Sul no balcão encerrou a semana em R$ 91,15/saca, enquanto no Paraná os preços oscilaram entre R$ 91,00 e R$ 95,00/saca.

    Esses preços são mantidos mesmo com a colheita já ocorrendo no Paraná e em função de novas estimativas de produção no Rio Grande do Sul e no Brasil. Os mais otimistas chegam agora a estimar uma colheita de 4,7 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul e 10,9 milhões no Brasil. Essa revisão para cima deve-se às seguintes considerações de um analista privado: aumento das expectativas para Paraná, São Paulo, Goiás e Distrito Federal e para Bahia, com a colheita do Paraná atingindo 4,2 milhões de toneladas, contra 3,9 milhões projetados anteriormente. E no Rio Grande do Sul, a projeção é de 5,1 milhões de toneladas, enquanto os setores cooperativistas apontam para 4,7 milhões de toneladas.

    Em nossa opinião, por enquanto, mesmo com o clima na maioria das regiões produtoras brasileiras sendo positivo, os números indicados estariam superestimados, principalmente para Paraná e Rio Grande do Sul, os dois maiores produtores nacionais de trigo. Além disso, o período de dependência climática das lavouras nacionais ainda não terminou em muitas regiões, principalmente no estado do Rio Grande do Sul.

    De qualquer forma, se os números mais otimistas se confirmarem, e nem será necessário, não há como os preços do trigo se manterem nos patamares atuais, com forte potencial de queda para o final do ano. Mesmo com Chicago permanecendo nos níveis atuais e o câmbio colaborando para as exportações.

    Dito isso, a colheita de trigo no Paraná, até o início desta semana, atingiu 37% da área semeada, contra 36% no mesmo período do ano passado. Quase metade das lavouras paranaenses, a serem colhidas, estão em fase de maturação, em que o clima mais seco é preferível por questões de qualidade. Outra preocupação é o aumento de doenças fúngicas devido ao clima mais úmido naquele estado, o que pode aumentar os custos e afetar a produtividade. Neste momento, 76% das lavouras estariam em boas condições, 22% regulares e 2% ruins.

    No Rio Grande do Sul, no dia 22/09, cerca de 1% das lavouras estavam em fase de maturação, outros 24% em enchimento de grãos, 45% em fase de floração e ainda 30% em fase de desenvolvimento vegetativo e germinação. (cf. Emater)

    Por fim, a área plantada com trigo no Brasil teria sido de 3,2 milhões de hectares, um aumento de 17,6% em relação a 2021. A produtividade média deve crescer para 3.410 quilos/hectare, contra 2.839 quilos na safra parcialmente frustrada do ano passado.

    As informações são do Centro Internacional de Análise Econômica e Estudos do Mercado Agrícola – CEEMA



    Fonte: Agro