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Preço do leite ao produtor reajustado em janeiro sobe 5%, diz Cepea

    Preco do leite ao produtor reajustado em janeiro sobe 5

    O ano começa com valorização na pecuária leiteira. O preço do leite ao produtor elevado em janeiro subiu 5% no “Médio Brasil” líquido do Cepea, da Esalq/USP, atingindo R$ 2,6619/litro, 17,6% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado. É o que mostra a edição de março do Boletim do Leite, divulgado esta semana pelo Cepea.

    O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira caiu 0,61% em fevereiro, considerando o “Brasil Médio” (BA, GO, MG, SC, PR e SP). “Essa redução deveu-se principalmente a menores gastos com algumas categorias de insumos – como suplementação mineral, fertilizantes e corretivos – e operações mecanizadas”, diz a publicação.

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    Leia, a seguir, a análise de Natália Grigol, Caio Monteiro e Catarina Simplício no mercado do leite:

    Com oferta enxuta, leite ao produtor segue valorizando”

    Natália Grigol//Da equipe Leite do Cepea

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    “O preço do leite arrecadado em janeiro subiu 5% no “Médio Brasil” líquido do Cepea, da Esalq/USP, atingindo R$ 2,6619/litro, 17,6% superior ao registrado em janeiro do ano passado, em termos reais (valores foram deflacionados pelo IPCA de janeiro/22). E pesquisas em andamento indicam que esse cenário de alta deve se manter para o leite arrecadado em fevereiro.

    O aumento dos valores no início do ano é incomum para o setor, já que, historicamente, esse período é marcado pela queda dos preços, devido ao aumento sazonal da produção. No entanto, a produção continuou limitada neste primeiro bimestre, refletindo a perda de potencial de produção ocorrida no ano passado e as condições climatéricas adversas, fruto do fenómeno La Niña.

    O Índice de Arrecadação de Leite do Cepea (ICAP–L) recuou 2,1% de dezembro para janeiro na “Média Brasil”. Nos estados do Sul, houve queda média de 0,2%, que, por sua vez, esteve ligada à estiagem na região. Nos estados do Sudeste e Centro-Oeste, a queda foi de 2,3%, pois o excesso de chuvas prejudicou a produção. Agentes ouvidos pelo Cepea afirmam que, em fevereiro, os financiamentos continuaram limitados, o que deve sustentar o movimento de valorização do campo.

    A alta dos preços no campo melhorou o poder de compra do produtor em relação aos insumos. Ainda assim, o cenário é de cautela para investimentos de longo prazo, já que a valorização dos grãos tem limitado a redução dos custos de produção. Apesar do Custo Efetivo Operacional (EOC) ter caído 0,61% em fevereiro, no acumulado do ano, o aumento é de quase 1% no “Brasil Médio”.

    Como resultado, a produção progrediu lentamente. Com oferta limitada no campo, a média mensal do leite spot em Minas Gerais aumentou 8,3% de janeiro a fevereiro, chegando a R$ 3,05/litro, segundo pesquisa do Cepea. As médias mensais de UHT, mussarela e leite em pó vendidos no atacado em São Paulo também subiram 9,8%, 4,5% e 1%, respectivamente, em fevereiro ante o mês anterior.

    Porém, é importante observar que a valorização do spot e dos derivativos ocorreu na primeira quinzena do mês, quando as indústrias ainda conseguiram repassar o aumento do campo para os canais de distribuição. A partir da segunda quinzena de fevereiro, porém, o mercado desacelerou, devido à queda do consumo e ao crescimento das importações – o que levou ao aumento dos estoques.

    Dados da Secex mostram que o volume de lácteos importados ficou praticamente estável em fevereiro, em 156,5 milhões de litros de leite equivalente. No entanto, esse valor é mais que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado.”

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    Foto: Divulgação/Embrapa

    Custo da pecuária leiteira cai em fevereiro”

    Caio Monteiro e Catarina Simplicio//Da equipe Leite do Cepea

    “O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira caiu 0,61% em fevereiro, considerando o “Brasil Médio” (BA, GO, MG, SC, PR e SP). Essa redução deveu-se principalmente a menores gastos com algumas categorias de insumos – como suplementação mineral, fertilizantes e corretivos – e operações mecanizadas. Considerando o primeiro bimestre de 2023, houve estabilidade nas despesas, que registraram leve alta de 0,07%.

    Entre as categorias que desvalorizaram, destacam-se fertilizantes e corretivos, cujos preços caíram significativamente 4,19% em fevereiro na “Média Brasil”. Além disso, os preços dos medicamentos, com exceção dos antiparasitários, também caíram, porém, com intensidades distintas, entre os que registraram as maiores desvalorizações estão os antimastíticos, cujos valores caíram 0,51% em fevereiro na “Média Brasil”, com destaque para o estado de Minas Gerais, que registrou queda de 1,3%.

    As operações mecanizadas também contribuíram para a redução dos desembolsos dos produtores. Isso porque, com a desvalorização do diesel, seu custo caiu 1,35% em fevereiro na “Média Brasil”. O grupo de suplementos minerais também desvalorizou no último mês, 1,49%, por conta da redução nos custos da matéria-prima – vale lembrar que o preço desse item na dieta do rebanho subiu quase 11% em 2022.

    Por outro lado, limitando a redução de custos, os concentrados valorizaram 0,13% em fevereiro frente ao mês anterior, na “Média Brasil”. Os maiores aumentos foram observados nos estados de MG e Paraná, de 0,23% e 0,38%, respectivamente, contribuindo para o aumento da média nacional. Segundo colaboradores do Cepea, as recentes quedas nos preços do farelo de soja devem influenciar a retração dos preços da ração em março.

    Quanto ao poder de compra do produtor, durante o mês de fevereiro foram necessários 32,2 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg de milho, representando uma melhora em relação ao mês anterior, quando foram necessários 34,2 litros para a mesma compra. Vale ressaltar que fevereiro/23 foi o primeiro mês de melhora do poder de compra do produtor desde agosto de 2022. Nos últimos 12 meses, a relação média de troca entre leite e milho foi de 32,2 litros por saca.”

    Fonte: Agro