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Milho com superprodução e preços baixos à frente, prevê Agroconsult

    Milho com superproducao e precos baixos a frente preve Agroconsult

    Ivaris Júnior

    Segundo a 20ª edição do levantamento, mesmo com o atraso no plantio, a safra de milho safrinha deve render 102,4 milhões de toneladas do grão. O Estado do Mato Grosso é o destaque na produção, provavelmente ultrapassando, pela primeira vez, a marca de 50 milhões de toneladas. A largada da etapa do milho 2ª safra do Rally Safra aconteceu em evento virtual no dia 23 de maio.

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    No entanto, apesar das boas notícias do campo produtivo, há uma série de desafios em torno do negócio. Os preços dos grãos estão em queda. A voracidade chinesa esfriou. O dólar desvalorizou. A capacidade de armazenamento está ainda mais limitada e o mercado interno dificilmente dará conta do excedente, com previsão de consumo de pouco mais de 80 milhões de toneladas.

    Ignorando o calendário – O excesso de chuvas observado no período da colheita da soja prolongou seu ciclo e provocou o plantio mais tardio das lavouras de milho, aumentando sobremaneira os riscos aos produtores. Assim, as consequências negativas para a segunda safra de milho, na avaliação da Agroconsult, batem à porta.

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    A primeira diz respeito ao crescimento da área plantada. No primeiro levantamento, o potencial de expansão de mais de 700 mil hectares no Brasil não ocorreu devido a reduções de área em importantes estados produtores como Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás.

    Em Mato Grosso, porém, a fotografia é diferente. Com o terceiro melhor ritmo de plantio de sua história, o estado deve apresentar um crescimento de mais de 400 mil hectares na área plantada, contribuindo para que o total plantado no país permaneça nos mesmos 16,7 milhões de hectares da safra passada.

    Contando com São Pedro – A segunda consequência do plantio tardio é o risco climático. Cerca de 70% das lavouras do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais foram implantadas na janela de alto risco, geralmente associada a plantios nos meses de março e abril.

    Assim, no Paraná e no sul do Mato Grosso do Sul, o potencial produtivo de pelo menos 60% das lavouras ainda não está definido e a produtividade fica sujeita à estiagem e geadas ao longo de junho, quando pelo menos 10% da área plantada em ambos os estados estará em período de aparafusamento.

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    No momento, graças às chuvas que duraram até o início de maio e à perspectiva de geadas apenas para o final de junho, as estimativas de produtividade para essas regiões são positivas. No Paraná, 96 sacas por hectare, 6% acima da safra anterior; e no Mato Grosso do Sul, 91 sacas por hectare, 3% abaixo da safra passada.

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    Transformando-se em miúdos – Minas Gerais, com produtividade estimada em 92,4 sacas por hectare, 43% acima da anterior, é o estado que tem maior potencial de recuperação em relação à safra passada. Junto com Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul responde por 31% da produção nacional de milho 2ª safra, mas têm 20 milhões de toneladas ainda suscetíveis ao comportamento do clima.

    Em Mato Grosso e Goiás, com a colheita mais avançada, a maior parte do potencial produtivo está consolidado e será muito difícil haver quebras. A boa distribuição das chuvas nos meses de março e abril indica o bom potencial da cultura, o que deve levar os dois estados a baterem recordes de produtividade.

    No Mato Grosso, a produtividade deve chegar a 116 sacas por hectare, contra 104,5 sacas na temporada passada. Em Goiás, a expectativa é de 114 sacas por hectare, contra 81,3 sacas na safra anterior. Nesse cenário, a produção da segunda safra de milho está estimada em 102,4 milhões de toneladas, um aumento de 11% em relação a 2022.

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    Empate ou mesmo derrota, no bolso – Os preços do milho variam de R$ 35 a R$ 50 a saca. Porém, com a entrada da safra do meio do ano, a expectativa é que caia ainda mais, podendo até exigir intervenção do Governo Federal para garantir preços mínimos, garantidos pela Lei. O cenário é bastante favorável para a pecuária e para a crescente indústria de etanol de grãos.

    Com produção de milho primeira safra estimada em 29,9 milhões de toneladas – 15% acima da safra anterior – em uma área plantada de 5,3 milhões de hectares (queda de 3%), o Brasil deve colher 132,3 milhões de toneladas nesta temporada.

    Com a consolidação dessa produção recorde, teremos dois grandes desafios pela frente. A primeira é dar uma destinação interna a essa produção. A Agroconsult estima atualmente o consumo de milho em 80,4 milhões de toneladas, 8,2% acima da safra anterior.

    “Vivemos um bom momento no mercado de carnes que, com a queda do preço do milho, agora tem melhores condições para adquirir o produto. E também há um aumento na produção de etanol de milho, que já soma 13,6 milhões de toneladas”diz o coordenador do Rally, André Debastiani.

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    O excedente para venda – Quanto ao produto destinado à exportação, a China vem mostrando contenção nos últimos meses, ainda mais com as notícias de boa produção de milho vindas dos Estados Unidos.

    Especialistas analisam que a potência oriental vai barganhar bastante, embora, no mínimo, deva repetir o volume de compras de 2022.

    O segundo desafio será logístico, para armazenar toda a produção, principalmente no segundo semestre: com os armazéns cheios de soja, o milho será armazenado a céu aberto. E com o volume recorde de exportação de soja, farelo e açúcar, o sistema portuário brasileiro será posto à prova.

    Como incentivo aos produtores, mesmo diante do real mais valorizado, os preços da produção caíram de forma que os mais produtivos ainda terão margens de lucro apertadas. “Porém, quem não fosse ‘bem arrumado’ poderia empatar ou até perder dinheiro com o período de entressafra”adverte o analista.

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    Abertura dos portões do rali – As equipes do Rally estarão em campo em um momento importante da safra, avaliando o potencial das lavouras plantadas tardiamente, bem como a plena expressão do potencial das regiões onde o clima e a tecnologia favorecem recordes de produtividade. É o que explica Debastiani, mantendo o otimismo.

    As duas primeiras equipes técnicas da etapa do milho começam a avaliar as lavouras entre os dias 21 e 28 de maio no Centro-Norte e Oeste de Mato Grosso, passando pelas regiões de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Tapurah, Sorriso, Sinop, Campo Novo de Parecis e Sapezal.

    De 29 de maio a 4 de junho, a expedição passará pelo Sudeste e Leste de Mato Grosso e Norte de Mato Grosso do Sul; no início de junho chegará ao sudoeste goiano. As duas últimas equipes viajarão em junho pelo sul do Mato Grosso do Sul e oeste do Paraná.

    Em sua 20ª edição, a expedição já percorreu mais de um milhão de quilômetros e 32 mil safras avaliadas nas 19 edições anteriores. A 20ª edição do Safra Rally conta com os patrocínios de: FMC, Prometeon, OCP Brasil, Santander e SoyTech.

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    Fonte: Portal DBO