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Febre Aftosa Abalou o Sul do Brasil há 22 anos

Febre aftosa Abalou o Sul do Brasil há 22 anos
Febre aftosa Abalou o Sul do Brasil há 22 anos

Este mês marca o 22º aniversário de um dos momentos mais turbulentos da pecuária brasileira. Em agosto de 2000, um foco de febre aftosa foi detectado em Joia, no noroeste do Rio Grande do Sul.
O ressurgimento da doença causou enormes danos à economia do estado e deixou os pecuaristas de todo o país inseguros.
Não é por acaso que casos recentes de febre aftosa na Indonésia levaram muitos produtores a questionar se vale a pena o Brasil parar de vacinar o gado e se expor à nova reintrodução da doença.

A erradicação do surto em Joia obrigou as autoridades de saúde a sacrificar, com o apoio das forças policiais, mais de 11 mil bovinos com a chamada espingarda sanitária, além de adotar outras medidas para isolar as áreas afetadas. A maioria dos animais abatidos pertencia a agricultores familiares que viviam da pecuária leiteira.

“Foi um episódio triste para o sistema de saúde brasileiro”, disse o ex-ministro da Agricultura Pratini de Moraes, que enfrentou a doença em seu governo, anos depois.

Dois anos antes, o Rio Grande do Sul havia sido declarado livre da febre aftosa sem vacinação. Com o foco em Joia, a pecuária do Rio Grande do Sul precisou ser vacinada novamente. O estado só recuperou o reconhecimento como área livre de febre aftosa, desta vez com vacinação, em maio de 2021.

Em 2005, a doença reapareceu em Eldorado, no Mato Grosso do Sul. A eliminação do foco da doença no município de Mato Grosso do Sul exigiu o sacrifício de 582 animais com fuzil sanitário.

Casos como esses levaram o Brasil a fortalecer ainda mais o combate à doença, por meio do Programa Nacional de Vigilância da Febre Aftosa (PNEFA), no qual a vacinação é um dos principais instrumentos de proteção do rebanho.

blocos regionais

O PNEFA dividiu o Brasil em blocos regionais para obter o reconhecimento internacional como livre de febre aftosa com vacinação, algo que já alcançou. O objetivo do programa agora é alcançar o status de livre de febre aftosa sem imunização para todo o país.

A primeira área a obter o status de livre de febre aftosa sem vacinação, concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), é formada pelo RS, SC, PR, Acre, RO e partes do AM e MT.

Até o final deste ano, uma segunda zona, composta por ES, GO, MS, MG, TO, o restante de MT e DF, também deve ser declarada livre da doença sem vacinação pela OIE, conforme cronograma do PNEFA.

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Dono do maior rebanho comercial do mundo, com mais de 218 milhões de cabeças, o Brasil tem sido um dos países que mais avançou em saúde animal nos últimos anos, o que o tornou líder global nas exportações de carne bovina.

Programas de prevenção e erradicação de doenças, especialmente o combate à febre aftosa, pecuária produtiva e um moderno complexo industrial contribuíram para que o Brasil se tornasse o maior exportador mundial de carne bovina.

simulação de foco

Se, por um lado, a liderança nas exportações globais de carne bovina lisonjeia a pecuária nacional, por outro, reforça a preocupação do setor em não retroceder em suas conquistas.

Isso explica, em parte, o medo que o surto de febre aftosa na Indonésia causou entre os pecuaristas brasileiros, apesar da distância entre o Brasil e o país do Sudeste Asiático.

Para esses produtores, a manutenção da vacinação é a estratégia mais recomendada para evitar o risco de reintrodução da doença em território brasileiro. No entanto, tal medida não está no horizonte do PNEFA.

Recentemente, o Ministério da Agricultura e o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT) realizaram um exercício simulando um caso de febre aftosa.

Em nota, o ministério informou que a simulação no MT foi feita para preparar as equipes técnicas de defesa agropecuária nas mais diversas situações, em caso de surtos de uma doença emergencial, como a febre aftosa, no Brasil.

O exercício realizado pelo Mapa e pelo Indea-MT mostrou que o país tem capacidade para controlar um possível surto da doença, mas não conseguiu diminuir o medo dos que defendem a manutenção da vacina até que toda a América do Sul esteja reconhecida pela OIE como indemne de febre aftosa sem vacinação.

eloi pecuarista ve

 

Elói Gonçalves Júnior, pecuarista de SP e MT, é contra retirada de vacinação

Mudança no PNEFA

“O Brasil corre sério risco se o PNEFA não for modificado imediatamente para que o rebanho continue sendo vacinado contra a febre aftosa”, diz o pecuarista Elói Gonçalves Júnior, proprietário de propriedades rurais no interior de São Paulo e Mato Grosso .

Para ele, a simulação de combate a um surto de febre aftosa no MT mostrou uma lacuna que torna a situação ainda mais delicada: “Se houver um surto, é preciso ter uma vacina pronta para imunizar os animais. E uma vacina leva de seis a oito meses para ficar pronta.”

O pecuarista paulista, que participa das reuniões das câmaras do setor de carne bovina do estado de São Paulo e do Ministério da Agricultura, acrescenta:

“Além disso, se não vacinarmos o rebanho há alguns anos, o vírus se espalha rapidamente para todo o Manjericão, comprometendo as exportações de todos os produtos brasileiros.”

Alerta aos pecuaristas

Elói considera a retirada da vacina uma decisão muito arriscada. “O Ministério da Agricultura vai colocar a pecuária e o PIB [Produto Interno Bruto] do Brasil em risco com a retirada da vacinação contra a febre aftosa e quebrar, primeiro, produtores, frigoríficos e empresas ligadas ao setor, além do restante que exporta.”

O produtor também alerta os pecuaristas: “Acordem produtores, acordem os responsáveis ​​pelas instituições do agronegócio no Brasil. Este [a retirada da vacina] é coisa de gente querer acabar com a agricultura brasileira. É manipulação de entidades estrangeiras tentando acabar com nosso agronegócio.”

Ele também ressalta que a retirada da vacina não contribuirá significativamente para a expansão das exportações de carne bovina:

“O mercado que vai abrir, quando estivermos 100% livres de vacinas, não representa 2% do nosso mercado. É só Japão e Coreia do Sul [que importam carne apenas de países livres de aftosa sem imunização]. O resto está comprando.”

O pecuarista destaca ainda que o fim da vacinação não trouxe vantagem no preço da carne bovina para os estados que já foram reconhecidos como livres da febre aftosa sem imunização. O melhor preço, ressalta Elói, é o de São Paulo, que continua vacinando

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