Eleições 2022: Indústria avícola do sul do país publica carta aberta aos candidatos
As entidades representativas das indústrias de produtos avícolas dos três estados do sul do Brasil, que respondem por cerca de 70% da produção nacional do setor, divulgaram, nesta segunda-feira (1º), carta aberta aos candidatos às eleições de 2022, seja no Executivo ou no Legislativo. O documento apresenta as prioridades do segmento, buscando a adesão e comprometimento do setor público a uma agenda única, “fundamental para garantir a implementação de melhorias estruturais e crescimento orgânico”.
Assinada pelo Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Associação Catarinense Avícola (Acav) e Associação Avícola Gaúcha (Asgav), a carta apresenta as seguintes prioridades: infraestrutura para transporte rodoviário e ferroviário para abastecimento de grãos ; linha de crédito para geração de energia solar, biogás e reserva de água da chuva em propriedades rurais; previsão orçamentária (por lei) para investimento e financiamento de entidades estaduais de vigilância e controle sanitário e fitossanitário, considerando a situação sanitária alcançada; ampliação da conectividade em campo, rede elétrica trifásica e rede de biogás; e aprovação do PL 1293/21, que trata do Autocontrole na Inspeção de Produtos de Origem Animal.
Segundo o presidente do Sindiavipar, Irineo da Costa Rodrigues, os estados do Sul não querem tratamento especial, mas condições para manter a expansão do segmento. “É preciso que as demandas do setor sejam atendidas prioritariamente, tendo em vista que é uma atividade muito importante para esta região e que mais movimenta a avicultura no país.”
reunião conjunta
Os temas prioritários e comuns foram definidos em reunião realizada em 21 de julho de 2022, em Curitiba, com a participação das diretorias do Sindiavipar, Acav e Asgav. Na ocasião, foram discutidas as ações do setor para fortalecer os temas, todas relacionadas ao desenvolvimento da avicultura agroindustrial e que passam por ações privadas e públicas. O objetivo é manter e desenvolver as cadeias produtivas representadas, consolidar a atividade, gerar emprego e renda e garantir que o segmento continue sendo reconhecido como de excelência no Brasil e no mundo.
O documento alerta que as melhorias estruturais propostas são necessárias para que a atividade avícola mantenha sua importância e apresente crescimento orgânico, uma vez que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nos municípios com agronegócio é superior aos que não possuem essa atividade.
O texto direcionado aos candidatos destaca que os estados do Sul respondem por praticamente 70% de toda a produção avícola do Brasil. “O que foi discutido está relacionado à sustentabilidade do setor, sempre com um viés para as pessoas, meio ambiente, logística, saneamento, energia, grãos e acessibilidade telemática”, destaca a nota conjunta das três entidades.
A carta também ressalta a importância do Paraná para a atividade. A avicultura responde por 18% do Valor Bruto da Produção (VBP) total da agropecuária paranaense, mais de 40% das exportações brasileiras e 35% da produção nacional de frangos, gerando mais de 85 mil empregos diretos e outros 1,4 milhão indiretos. Mais de 8 milhões de aves são abatidas diariamente no Paraná, produzindo proteína reconhecida mundialmente por sua alta qualidade.
O texto aponta que o Brasil é líder na exportação mundial de carne de frango e o estado do Paraná é o maior produtor e exportador de carne de frango do país. Da produção de 4,9 milhões de toneladas de carne de frango por ano, o Paraná destina aproximadamente 3,1 milhões de toneladas (64%) ao mercado interno e 1,8 milhão de toneladas (36%) às exportações. Isso, somado à importância socioeconômica, representa uma significativa contribuição da avicultura paranaense para a segurança alimentar do país e do mundo.
Emergências do setor avícola em 2022
Uma das reivindicações apresentadas na carta aberta é a questão da logística. De acordo com o presidente do Sindiavipar, não há ferrovia adequada para o transporte da carne de frango até os portos e há demanda para o transporte de matéria-prima para a avicultura.
Porém, dos temas elencados, a prioridade é a sanidade, base de todo o processo. O setor avícola quer manter sua relevância nesse aspecto, que é vital para o setor. “O Brasil, além de grande produtor e grande exportador, não registrou doenças com alto potencial de impacto em aves, como a doença de Newcastle, e nunca teve registro de gripe aviária na produção de frangos de corte, que infelizmente atinge grandes produtores como América do Norte, Europa e Ásia”.
As dificuldades dos avicultores em relação ao abastecimento de energia elétrica e água na avicultura ocorrem devido à rede pública de distribuição de energia elétrica, que ainda precisa ser ampliada para uma rede trifásica, reduzindo seus custos e proporcionando maior estabilidade no abastecimento. Quanto à água, o presidente do Sindiavipar observa que algumas regiões não têm uma distribuição adequada, por isso seria importante ter um programa de reserva de águas pluviais.
Em relação à conectividade, a carta ressalta que, nas propriedades rurais, os avicultores precisam ter conectividade para comunicar sobre sua atividade e, como o ciclo do frango é muito curto, o tempo é fundamental. “É preciso uma ótima comunicação em tempo real, com informações fluindo de forma rápida e organizada com a ajuda da tecnologia.”
“Saúde, custo de energia elétrica, logística, estradas rurais ainda deficientes, conectividade que nos permite usar a tecnologia que já está embutida em muitos equipamentos e, também, toda essa questão de transferência de tecnologia. Passamos a realizar eventos não presenciais onde a conectividade é importante. O meio digital também deve ser utilizado para capacitar avicultores e trabalhadores nos demais elos da cadeia. Funcionários e colaboradores precisam receber mais treinamento, e se não for possível presencialmente, ou se for muito mais adequado pelo meio digital, podemos usar. Essas são as grandes bandeiras da avicultura no sul do país”, enfatiza o presidente.
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