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De volta ao Brasil, Bolsonaro elogia oposição no Congresso

    De volta ao Brasil Bolsonaro elogia oposicao no Congresso

    Por Anthony Boadle e Ricardo Brito

    BRASÍLIA (Reuters) – O ex-presidente Jair Bolsonaro desembarcou em Brasília nesta quinta-feira após três meses de exílio autoimposto na Flórida, sendo recebido por centenas de apoiadores no aeroporto e na sede do PL, onde fez um discurso elogiando a atuação de seu partido bancada e a oposição no Congresso.

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    “O Parlamento está a dar-nos orgulho pela forma como agimos lá dentro…, e a mostrar a estas pessoas que, por agora, por pouco tempo, estão no poder, que não vão fazer o que querem com o futuro da nossa nação “, disse Bolsonaro em fala rápida nas instalações da legenda, mostrou vídeo distribuído por aliados.

    O ex-deputado, que tem como berço político o Rio de Janeiro, decidiu morar em Brasília, onde ocupará o cargo de presidente de honra do PL a partir dos apelos do partido para que ele lidere a oposição a Luiz Inácio Lula da Silva e o esforço pela às eleições municipais do próximo ano.

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    Ao entrar na garagem do prédio, o ex-presidente acenou rapidamente. Pouco depois, já dentro da sede, acenou de uma janela para a torcida que estava do lado de fora com bandeiras brasileiras e o saudou com gritos de “mito”.

    O avião que trouxe Bolsonaro dos Estados Unidos pousou às 6h40 em Brasília, meia hora antes do previsto, quando o saguão do aeroporto já recebia seguidores como o pequeno lojista Anderson Clayton, 45 anos, envolto em uma bandeira brasileira.

    “Estamos aqui para receber o nosso presidente. A função dele será colocar ordem nessa confusão. O governo Lula só está fazendo tudo errado”, disse Clayton, que defende que Bolsonaro pode concorrer novamente.

    “Se não ele, alguém com suas crenças”, reforçou.

    A modesta multidão em torno da chegada de Bolsonaro nesta manhã contrasta com o plano das autoridades, que reforçaram a segurança em Brasília na quinta-feira, fechando o trânsito no centro da cidade por medo de um grande fluxo de apoiadores e para evitar o risco de protestos violentos.

    Antes de embarcar em um avião em Orlando, Bolsonaro minimizou seu papel de liderança e disse que usaria sua experiência para ajudar seu partido nas eleições municipais do ano que vem, acrescentando que a votação que perdeu em outubro foi um capítulo encerrado.

    “Viramos uma página e agora vamos nos preparar para as eleições do ano que vem”, disse à CNN Brasil depois de meses sem reconhecer plenamente a derrota para Lula.

    O ex-presidente partiu para os Estados Unidos dois dias antes da posse de Lula, em 1º de janeiro, sem entregar a faixa presidencial ao seu sucessor. Ele disse que precisava descansar, mas os críticos dizem que ele estava evitando os riscos legais dos inquéritos que enfrenta no Brasil.

    As investigações abrangem seus ataques ao sistema de votação e o suposto papel em encorajar apoiadores a invadir os edifícios dos Três Poderes nos distúrbios de 8 de janeiro que relembraram o ataque de 2021 ao Capitólio dos Estados Unidos.

    Além disso, Bolsonaro enfrenta as consequências do caso dos presentes milionários oferecidos a ele pelo governo saudita. O episódio é alvo de investigações de diversas instituições, entre elas a Polícia Federal, a Receita Federal e o Tribunal de Contas da União (TCU).

    DESAFIOS E PLATÔ

    Mobilizar os 58 milhões de eleitores que votaram nele no ano passado não será uma tarefa fácil para o ex-capitão do Exército, segundo analistas políticos. Muitos rivais em potencial à direita têm a vantagem de ocupar cargos públicos nos próximos anos.

    “Se Bolsonaro não puder mostrar rapidamente que pode liderar, a direita vai procurar outros líderes, como os governadores de São Paulo e Minas Gerais”, disse André Cesar, da Hold Legislative Advisors, uma consultoria de políticas públicas.

    Bolsonaro também prejudicou sua posição com muitos partidos de centro-direita após os atos de 8 de janeiro cometidos por seus apoiadores e com investigações sobre seus ataques à democracia brasileira, disse Leonardo Barreto, do Vector Relations Government.

    Mesmo assim, o ex-presidente tem uma base fiel e uma estrutura articulada nas redes sociais. Ele também deve calibrar seus planos com a popularidade de sua esposa Michelle, que está despontando como uma figura carismática à frente do PL Mulher.

    Barreto disse que as ambições da ex-primeira-dama podem fornecer uma saída para os apoiadores do ex-presidente se as investigações levarem as autoridades eleitorais a impedir Bolsonaro de concorrer às eleições.

    Na sede do PL nesta quinta-feira, o ex-chefe da Casa Civil de Bolsonaro, senador Ciro Nogueira (PP-PI), elogiou o ex-presidente: “Ele vai liderar a oposição, goste ou não”, disse. . “O natural é que ele viaje pelo país.”

    O Palácio do Planalto pretende ignorar o retorno de Bolsonaro ao Brasil, e a ordem é não fazer comentários ou alterar qualquer programação por causa de sua presença em Brasília, disseram fontes ouvidas pela Reuters.

    Apesar da posição do Planalto, a presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), gravou um vídeo distribuído em suas redes nesta quarta-feira mandando “um recado” a Bolsonaro, destacando melhorias feitas pelo atual governo e chamando o ex-presidente de genocídio.

    “Você pode voltar quando quiser. O que não vai voltar é o tempo negro em que você deixou esse país infeliz”, disse Gleisi.

    (Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu. Edição de Eduardo Simões e Flávia Marreiro)



    Fonte: Noticias Agricolas