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Dados: interpretação das informações geradas no campo ditarão o futuro do agronegócio

    Dados interpretacao das informacoes geradas no campo ditarao o futuro

    No governo, indústrias e corporações, a introdução da coleta e análise de dados tem se mostrado um caminho transformador e essencial para quem deseja manter sua competitividade no mercado. No agronegócio, os desafios de conectar e digitalizar o meio rural fizeram com que essa tendência chegasse um pouco mais tarde do que nos segmentos tipicamente urbanos; mas, hoje, seu impacto já é indiscutível.

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    Por muitos anos, os agricultores tomaram suas decisões com base principalmente na observação. Apesar disso, podemos avaliar que os dados já faziam parte do cotidiano rural: primeiro, aqueles coletados pela própria experiência dos agricultores e, posteriormente, aqueles adquiridos com a chegada de ferramentas básicas, como pluviômetros.

    Agora, porém, o cenário mudou drasticamente. Com o avanço da transformação digital, tecnologias como sensores e computadores de bordo permitem o registro de centenas de informações a cada segundo — desde as mais simples, sobre a velocidade da máquina ou seu nível de combustível, até as mais complexas, como fluxos hidráulicos e controla a ativação. Isso sem falar nas referências externas, como previsões do tempo e indicadores de mercado, cada vez mais disponíveis.

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    Quando organizadas, cruzadas e associadas, essas milhares de métricas são capazes de apresentar aos produtores e empresários elementos de grande relevância, permitindo a análise do consumo de insumos e combustíveis, da eficiência das máquinas, da produtividade das operações, da evolução dos negócios e em breve. sobre. O problema é que, atualmente, ainda enfrentamos um grande desafio no agronegócio: como analisar efetivamente esses números e resultados?

    A quantidade de dados gerados diariamente por uma empresa do setor é imensurável, o que muitas vezes significa que são pouco ou subutilizados. Daí a necessidade de trabalhar com ferramentas inteligentes de processamento de dados. Isso significa transformá-los em informações relevantes que servirão de base para a formulação de estratégias e tomadas de decisão mais ágeis e eficientes.

    Claro que, com todos os avanços, já temos diversas tecnologias que trabalham para auxiliar nesse processo. Um exemplo é o software capaz de conectar diferentes fontes agrícolas, unindo elementos de diferentes ferramentas para facilitar o cruzamento de referências. Outras ferramentas de Business Intelligence (BI) e de gestão são capazes de extrair dados de forma personalizada e gerar painéis e relatórios para facilitar a análise das informações, que aparecem graficamente e com capacidade de filtragem e agrupamento.

    Com esse monitoramento das operações, é possível realizar avaliações preditivas, preventivas e diagnósticas. Ou seja, entender processos e, a partir disso, identificar probabilidades futuras e agir de forma mais assertiva.

    A análise constante de dados relacionados ao estado das máquinas, por exemplo, pode resultar em uma previsão sobre a necessidade de manutenção. Assim, é possível agendar a atividade com antecedência, evitando que o equipamento pare no meio da operação por causa de um problema que poderia ter sido evitado. Por outro lado, a análise das condições do solo durante o plantio, quando cruzada com os resultados da colheita, pode indicar a melhor estratégia a ser adotada em uma próxima operação. Ao mesmo tempo, uma avaliação da velocidade de aplicação e da quantidade de insumos destinados a uma determinada área é capaz de indicar a melhor forma de aplicá-los para garantir economia e produtividade. Por fim, as possibilidades de crescimento a partir da coleta e análise de dados são inúmeras.

    Não é por acaso que, no estudo “Agricultura Digital no Brasil”, lançado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a maioria dos agricultores e empresas agropecuárias entrevistados destacou a crescente necessidade do uso de tecnologias digitais para, principalmente, obter informações e atividades de planejamento na propriedade (67,1%) e gestão da área rural (59,7%).

    Agora, com cada vez mais conectividade e tecnologias disponíveis para facilitar a coleta e análise de dados, o uso intensivo das informações geradas pelos equipamentos em campo é uma tendência que deve crescer cada vez mais nos próximos anos. Como realizar essa gestão de forma eficaz ainda é um desafio que está sendo estudado e, aos poucos, superado; mas essa é, sem dúvida, a melhor forma de entender o presente e se preparar para continuar crescendo no futuro – que, sem dúvida, será regado a dados.

    Por Bernardo de Castro, presidente da divisão de Agricultura da Hexagon



    Fonte: Agro