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Como o mercado pode ser a nova ‘Revolução do Cerrado’ do século XXI? – Horas do Dinheiro

    Cerrado créditos de carbono mercado
    (Foto: Pixabay)

    Você créditos de carbono, Muitas vezes chamadas de “permissões para poluir”, elas são uma das formas de incentivar a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

    O Brasil tem dois compromissos principais referentes a práticas ambientais que precisam ser implementadas no presente para que possam ser alcançadas em um futuro não tão distante

    A primeira refere-se à redução de 50% nas emissões de carbono do país até 2030, compromisso firmado na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26). Para 2050, a meta do país é neutralizar suas emissões de carbono.

    No final da década de 1960 e início da década de 1970, ocorreu a chamada Revolução Verde, um movimento de modernização da agricultura em escala mundial, dada a necessidade de ampliar a segurança alimentar.

    Assim, no Brasil, o principal destaque foi a revolução agrícola no Cerrado, que possibilitou a produção de diferentes culturas na região, com destaque para a soja.

    Esta semana, o CCS Brasil publicou um estudo que aponta que o país pode arrecadar entre US$ 14 – 20 bilhões por ano com a captura e armazenamento de carbono, em um cenário onde a tonelada de crédito de carbono tem um valor entre US$ 70 – $ 100.

    Com isso, o Tempos Agro conversou novamente com André Passos, advogado especializado em direito do agronegócio e professor da FGV, sobre o mercado de créditos de carbono e seu potencial como a “Revolução do Cerrado” do século XXI.

    Métricas de descarbonização

    Na avaliação de Passos, as metodologias e métricas do estudo CCS precisam ser analisadas detalhadamente, já que o grande desafio está em nossas métricas tropicalizadas e até que ponto elas serão aceitas no mercado internacional.

    “As métricas internacionais são baseadas e implementadas em países temperados. Com isso, fica a dúvida se o Brasil terá o ‘selo’, essa certificação internacional de descarbonização, visto que a soja, por exemplo, nosso principal ativo agrícola, foi tropicalizada pela Embrapa”, explica.

    Apesar disso, o especialista destaca os mecanismos, ferramentas e práticas de preservação ambiental no Brasil, como o plantio direto, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e a recuperação de áreas biodegradadas.

    “A Verraimportante certificadora internacional de crédito, teve que rever seus critérios de fixação de carbono nas florestas brasileiras, devido aos entraves decorrentes da tropicalização de métricas, que precisam ser aceitas pelo mercado”, comenta.

    mercado de carbono

    Para Passos, o mercado de créditos de carbono abre espaço para uma nova ‘cultura’, um novo produto, que será gerado pelos produtores rurais.

    “O produtor que produzir soja ou gado, com base nas melhores práticas ambientais, colocará seus produtos no mercado e gerará uma renda marginal por meio de produtos agroambientais como créditos de carbono e preservação de florestas que podem ser inseridos em uma CPR Verde ”, comenta.

    Na visão do especialista, os valores projetados pela CCS Brasil, a partir de US$ 14 bilhões, são um desafio. “Quando fazemos uma oferta pública (IPO), quando lidamos com o mercado de capitais, existem dois lados: oferta e demanda. O que vejo na prática é que não sabemos o valor do preço da tonelada do carbono brasileiro, já que esse valor entre US$ 70 – US$ 100 é baseado em uma referência internacional”, pondera.

    Passos destaca que o Brasil tem se articulado entre suas associações, órgãos, empresários e até certificadoras nacionais para poder oferecer créditos de carbono ao mercado.

    “Vendemos bem soja, milho e gado porque produzimos em abundância e entregamos produtos de qualidade. A venda dos créditos de carbono deve começar quando tivermos testado oferta e demanda, o que permitirá aos produtores captar renda adicional”, diz.

    A nova Revolução do Cerrado?

    Segundo o professor da FGV, podemos projetar um futuro que produza safras agrícolas, projetando a rentabilidade dos créditos de carbono.

    “Com a produção de soja verde, por exemplo, que tem maior aceitação no mercado internacional, e junto com isso vai modular seus processos produtivos para vender esse carbono adicional. Assim como as indústrias sucroalcooleiras, que produzem os dois produtos e variam seu mix com base nos preços de mercado. No futuro, vejo uma variedade maior de produtos agroambientais”, comenta.

    Passos vê os créditos de carbono além das “licenças para poluir”, com o Brasil desempenhando um papel fundamental no futuro da sustentabilidade global.

    “Estamos em um momento em que o mundo anseia por produtos verdes e o Brasil é um potencial fornecedor desses produtos, olhando para toda a cadeia do agronegócio e pensando no quanto essa receita marginal pode transformar o patamar do agro brasileiro, sendo a nova Revolução do Cerrado no século 21”, finaliza.

    Fonte: Noticias Agricolas