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Brasil busca melhorar safra do café

Nesse contexto, a Companhia Nacional de Abastecimento está revisando números e metodologias e buscando formas mais precisas de obtenção de dados para seus levantamentos, revelou Sérgio De Zen, diretor de Informações agropecuárias e Políticas Agropecuárias da Conab.

A rara declaração de um funcionário admitindo problemas históricos nas estimativas oficiais de café foi feita enquanto De Zen comentava números compilados pela Reuters para exportações, consumo interno e estimativas de safras dos últimos anos, que indicam que o quadro de oferta e demanda não fecha quando confrontado com o dados.

“Temos conversado com cooperativas, produtores e exportadores para convencê-los de que precisamos trabalhar juntos para obter uma estatística mais próxima da realidade”, disse De Zen por telefone.

A discussão ocorre em um momento em que a safra brasileira foi efetivamente menor do que o esperado e abaixo do potencial, em meio aos efeitos da seca e geadas históricas do ano passado – dados brasileiros mais precisos, portanto, seriam importantes para o mundo ter uma exata ideia do que aconteceu.

Somando os déficits obtidos de 2017 a 2021 na relação consumo interno/exportações versus produção (estimado pela Conab), tem-se um saldo negativo acumulado de 32,19 milhões de sacas de 60 kg.

A título de comparação, esse volume equivale ao tamanho da safra de grãos arábica do país em 2022 (veja tabela abaixo).

“Já fizemos esse cálculo (exportações mais consumo interno menos produção)…”, disse De Zen, admitindo os problemas apontados nos dados de safra.

O diretor da Conab explicou que a Conab mantém as pesquisas, apesar dos números questionáveis, para não perder um banco de dados.

A quantificação dos estoques no país poderia ajudar a resolver a equação, mas as informações obtidas também apresentam problemas e dificultam traçar um quadro de oferta e demanda no Brasil, comentou De Zen.

Em um movimento atípico e após uma safra ruim no ano passado, a Conab não divulgou neste ano seu tradicional levantamento anual de estoques privados de café, levantamento feito com produtores, cooperativas, exportadores e indústrias, porque também questiona o modelo adotado. .

“O nível de resposta (para a pesquisa de estoque) do café é muito baixo e a consistência das respostas também é muito baixa”, disse De Zen.

“Paramos de divulgar (os dados de estoque) porque o balanço de oferta e demanda não fecha.”

O diretor afirmou que os estoques nas fazendas, embora pulverizados, “não são desprezíveis”, o que pode ajudar a entender as discrepâncias entre oferta e demanda.

REVISÕES

De Zen, professor da Esalq/USP, também comentou que a Conab tem um plano de revisar os dados do café, como já fez em 2020 com a revisão de sete safras de soja, quando a conclusão de um trabalho resultou na oferta de milhões de toneladas a mais do que anteriormente projetado.

Não há prazo para que isso seja feito com o café.

Os números da safra de café da Conab têm sido historicamente inferiores aos projetados por instituições e analistas privados.

A última previsão do Rabobank para a safra atual, por exemplo, é de uma safra brasileira de 63,2 milhões de sacas, contra 50,38 milhões de sacas na projeção da estatal, revisada para baixo nesta semana.

A consultoria Safras & Mercado também projeta números superiores à Conab (58 milhões de sacas), enquanto o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou a produção brasileira em junho em 64,3 milhões de sacas.

De Zen disse que a atual administração, ao chegar à Conab, encontrou “terra arrasada” no que diz respeito aos dados agrícolas, o que também trouxe desafios para a adequação dos números, algo que precisa ser ação “do Estado e não dos governos”. “. .

Segundo o diretor da Conab, a estatal está contratando um estatístico para trabalhar nas estimativas de café e a ideia é “mudar todo o sistema de pesquisa do início ao fim”.

Isso inclui georreferenciar toda a área cafeeira do Brasil – algo que só foi feito no Espírito Santo – para ter uma ideia exata da área cultivada.

Além disso, a Conab quer estabelecer novas metodologias para medir a produtividade no campo, incluindo a incorporação de tecnologias como imagens obtidas por drones no campo.

Procurado, o Conselho Nacional do Café (CNC), que representa os produtores, disse que o corte na estimativa de safra realizado esta semana pela Conab “foi importante para mostrar a realidade da safra que está sendo colhida”.

Mas também afirmou ser a favor de mais investimentos públicos e parcerias com a iniciativa privada para melhorias na metodologia de previsão de safra.

“Discutimos… a possibilidade de novas metodologias serem aplicadas no levantamento da safra atual.

Dessa forma, de forma estratégica, cooperativas e produtores poderão comercializar seu café no momento mais oportuno, sem sofrer muito da especulação do mercado”, disse o presidente do CNC, Silas Brasileiro.

Veja abaixo os dados de consumo interno, safra e exportações do Brasil e cálculos do déficit no mercado brasileiro – as importações de café pelo Brasil são relativamente incipientes (em milhões de sacas de 60 kg).

O maior déficit dos últimos anos foi obtido no ano passado, com mais de 14 milhões de sacas de diferença entre produção e consumo/exportação:

Ano ………………. 2017 … 2018 … 2019 … 2020 … 2021

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Exportar………….30.93…35.64….40.7….44.7….40.3

Consumo interno……22.0….21.0…..20.9….21.2….21.5

Soma (cons.+exportação)…52.93…56.64….61.6….65.9….61.8

Colheita………44.97…61.66….49.3….63.07…47.7

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Déficit/excedente….-7,96….+5,02…-12,3….-2,83…-14,1

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Fontes: Abic (para estimar o consumo doméstico); Conab (para colheita), Cecafé (para exportação)

 

 

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